Polícia indicia cinco acusados de matar dois policiais do Bope na Maré

• Emboscada: Tiroteio que resultou na morte de policiais do Bope, no Complexo da Maré, é gravado por câmeras de segurança
• Segundo boletim médico: Homem atingido por estaca na cabeça passa por cirurgia e tem estado 'potencialmente grave'

Segundo a investigação, além dos cinco bandidos, participou também da emboscada dos policiais Wedson Ferreira Pereira, o Digdum. Ele morreu durante a operação após uma troca de tiros entre policiais e criminosos. De acordo com o inquérito da DHC, os acusados da morte dos policiais são ligados a chefes do tráfico de comunidades na Maré e ligados ao Terceiro Comando Puro (TCP).

Todos os envolvidos nas mortes dos PMs foram indiciados por dois homicídios qualificados, tentativa de homicídio qualificado, tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de arma. Além do indiciamento, a DHC pediu a prisão preventiva do grupo à Justiça.

As investigações revelaram que os seis traficantes estavam escondidos num galpão aparentemente abandonado na Rua Guilherme Maxwell, na Vila do João. Por volta das 9h30, os criminosos surpreenderam uma equipe do Bope. Os policiais estavam conferindo informações de que que homens armados haviam passado pela região e poderiam ainda estar por lá, quando, ao entrarem no galpão, foram recebidos com disparos de fuzil e arremesso de granadas, que acertaram três sargentos.

Jorge Henrique Galdino Cruz e Rafael Wolfgramm Dias chegaram a ser levados para o Hospital Federal de Bonsucesso, mas não resistiram aos ferimentos. O terceiro policial foi atingido por estilhaços de granadas na cabeça e ficou fora de perigo.

O confronto que resultou na morte dos policiais foi gravado por câmeras de segurança. Nos vídeos, obtidos pelo RJ2 da TV Globo, poucos segundos antes do ataque, às 9h27, pedestres circulam tranquilamente pela calçada. Quando de repente tiros são disparados de dentro de um imóvel. Os disparos atingem o muro do Centro de Preparação de Militares da Reserva do Exército (CPOR), que ficou crivado de balas.

É possível ver um casal que passava pelo local segundos antes dos tiros tentando se proteger. Nesse momento, os PMs já estavam feridos. As imagens ainda mostram um artefato que explode na calçada.

O socorro aos PMs baleados demorou 16 minutos, até que cessassem os tiros e os feridos fossem colocados dentro do carro blindado da PM. O relatório da Delegacia de Homicídios da Capital revela ainda que enquanto os policiais tentavam socorrer os colegas, os criminosos fortemente armados invadiam os galpões de três empresas da região durante a fuga.

Dois deles entraram em uma oficina pelo telhado, segundo a polícia. Câmeras registraram os suspeitos no mezanino. Segundo a polícia, Alexandre Ramos Nascimento, o Pescador, aparece falando com um funcionário. O bandido exige a chave de um carro e foge com um homem identificado como Trator. De acordo com a polícia, Pescador responde a 83 crimes, entre tráfico e homicídios.

Outros quatro fugiram pelos fundos do galpão: o primeiro a pular o muro é Michel de Souza Malveira, o Mangolê, seguido de Edmilson Marques de Oliveira, o Cria. Logo atrás, para a polícia, vem o chefe da comunidade, Thiago da Silva Folly, o Th. Por último, Silas dos Santos Marciano, o Carrapato da Maré, segundo o documento.

Pouco depois do ataque, um áudio que circulou nas redes sociais foi ligado à emboscada na qual os PMs foram feridos. Na gravação, um homem mencionava a presença de agentes num local da Maré. Em seguida, uma série de tiros podia ser ouvida. A Polícia Civil investiga se a voz é de Titi.

Os PMs foram emboscados quando participavam de uma operação no Complexo da Maré para inibir roubos de veículos e de cargas. Durante a ação, bandidos chegaram a fechar três vias expressas: Linha Vermelha, Linha Amarela e Avenida Brasil. Um ônibus também foi incendiado.