As críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central (BC) ocorrem na semana em que a instituição deve interromper o corte de juros. Nesta segunda-feira, analistas consultados pelo BC revisaram a projeção da Selic para o fim de 2024 e a elevaram a 10,50%, patamar atual. No início do ano, a visão era de que a taxa cairia para um dígito.
A revisão se deu porque, por um lado, a inflação está subindo e deve ser ainda mais pressionada pelo dólar, que disparou nos últimos dias com a tensão nos mercados. Analistas estão preocupados com a situação fiscal do país e se perguntam se o governo será capaz de cumprir a meta.
Além disso, os juros altos por mais tempo nos Estados Unidos também pressionam os ativos por aqui. Na semana passada, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano), manteve a taxa no maior nível em 20 anos mais uma vez. E disse que via espaço para apenas uma redução em 2024. Muitos analistas trabalhavam com a possibilidade de dois cortes neste ano.
![— Foto: Arte O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/sr1vusVVev-urRw8c_cQ6hEkBhg=/0x0:648x144/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/l/n/6TB9E5TCiAfU45tZ0JZQ/valorizacao-dolar-site.jpg)
Lucas Farina, economista da Genial Investimentos, explica que a percepção de risco aumentou entre os investidores.
— O mercado precisa ver o governo de fato discutindo revisão dos gastos e equilíbrio fiscal. É importante ver que há disposição para resolver isso, mas parece não ser uma prioridade, então os ativos refletem isso — ele diz.
Além de revisar a projeção de juros para cima no fim do ano - na semana passada analistas previam taxa a 10,25%, ou seja, mais um corte na reunião de amanhã do Copom - o mercado também revisou a previsão de inflação e dólar.
A moeda americana deve fechar o ano agora em R$ 5,13, bem acima da estimativa média da semana passada, de R$ 5,05. Ontem, a divisa encerrou as negociações a R$ 5,42, com valorização de quase 12% no ano.
A projeção para inflação subiu de 3,90%, na semana passada, para 3,96%, segundo o Focus.
Para 2025, as previsões de inflação, juros e dólar também foram revisadas para cima. O índice de preços deve fechar o ano que vem em 3,8%, segundo o Focus, ante 3,78% de projeção na semana anterior. E a expectativa é que os juros terminem 2025 em 9,5%, ante 9,25% na previsão anterior. A estimativa para o dólar subiu de R$ 5,09 para R$ 5,10.