Teatro
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Por — Rio de Janeiro

Uma história de piratas, odaliscas e escravizadas é a aposta da direção do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para fechar a temporada de 2023, unindo corpo de baile e a orquestra da casa num título inédito. A versão integral do balé “O corsário”, nunca montada pela companhia em quase nove décadas de história, estreia na noite desta quarta-feira, com adaptação assinada pela dupla Hélio Bejani e Jorge Teixeira, a partir da obra de Marius Petipa, de 1899.

Como é tradição no Municipal, o espetáculo de fim de ano é o momento em que os corpos artísticos da casa se encontram em cena e as estrelas do balé se revezam nos papéis principais. Este ano, no entanto, caberá a duas bailarinas jovens, integrantes do corpo de baile, a missão de viverem a encantadora jovem Medora, par romântico do pirata Conrad, nesta história de amor e desencontros às margens do Mar Mediterrâneo, inspirada num poema de Lord Byron. Marcella Borges, de 22 anos, formada pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, é quem faz a estreia desta quarta, enquanto Manuela Roçado, de 24 anos, se revezará com ela nas dez récitas da temporada de “O Corsário”, até dia 23.

Em favor das duas jovens pesa o fato de terem dançado num balão de ensaio desta montagem integral, no ano passado, com a Cia Bemo, da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, no próprio palco do Municipal, dirigidas pela mesma dupla que assina a montagem agora. E de terem sido escaladas também para os papéis principais dos últimos grandes balés da companhia principal, como “O lago dos cisnes” e “Giselle”. Soluções caseiras para um espetáculo que, por questões de patrocínio, foi confirmado na temporada do teatro apenas no segundo semestre, explica o diretor do companhia, Hélio Bejani:

— Há cinco anos venho batalhando para montar “O Corsário” porque o nosso diferencial como a principal companhia de repertório no Brasil são os balés clássicos, grandiosos, com o colorido da orquestra ao vivo, que atraem o público e enchem o teatro. Apesar de dificuldades de liberação de verba com mais antecedência, conseguimos levantar o espetáculo justamente porque já tínhamos feito a versão integral com a companhia da escola, com participação de muitos artistas que agora estão em cena, com o primeiro bailarino Filipe Moreira — explica Bejani, que também acumula a direção da Escola de Dança Maria Olenewa.

O atraso na confirmação das datas de “O Corsário” fez também com que duas estrelíssimas do Balé do Municipal, que brilharam na temporada de “Triple Bill”, em outubro, saíssem de licença artística para apresentações fora do Rio. Neste mês, Juliana Valadão e Cícero Gomes estão dançando juntos 20 espetáculos de “O quebra-nozes”, entre São Paulo e Curitiba. Além deles, a primeira bailarina Cláudia Mota deixou de dançar os grandes clássicos este ano e Márcia Jaqueline sofreu uma grave lesão, que a afastou dos palcos nos últimos meses.

Cena de 'O corsário', balé que estreia no Theatro Municipal do Rio — Foto: Divulgação/Daniel Ebendinger
Cena de 'O corsário', balé que estreia no Theatro Municipal do Rio — Foto: Divulgação/Daniel Ebendinger

Junte-se a esse cenário o fato de que desde 2013 não há um concurso público para os corpos estáveis do teatro (bailarinos, músicos e cantores do coro). Grande parte dos cerca de 50 artistas que estão em cena em “O Corsário”, por exemplo, foi contratado para trabalho temporário no ano passado, renovado este ano, entre elas as duas bailarinas que serão destaque da montagem, Marcella e Manuela.

Esperança para 2024

A boa novidade é que depois de negociações com o Governo do estado e com a Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Rio, está sendo preparado um edital para um concurso para os corpos estáveis e parte administrativa do teatro. Como diz ao GLOBO a presidente da Fundação Theatro Municipal, Clara Paulino, o concurso deve acontecer em 2024:

— A realização do concurso está atrelada ao plano de recuperação fiscal do estado do Rio de Janeiro, por isso a demora. Finalmente, há duas semanas, recebemos um parecer solicitando a elaboração do edital do concurso para todos os corpos artísticos e administrativos, porque temos defasagem em todas as áreas — diz Clara.

A direção do Municipal também trabalha com a perspectiva de conseguir anunciar a temporada completa da casa em 2024 no início dos trabalhos, em março. Diferentemente dos grandes teatros de balé e ópera do mundo, que costumam divulgar o calendário com muita antecedência, para que o público se programe, aqui, nos últimos anos, os títulos vão sendo conhecidos ao longo do ano. Segundo Clara Paulino, trata-se de um problema de fluxo de patrocínio, inclusive das diferentes etapas da Lei Rouanet, afirmando que para 2024 tudo já está mais adiantado.

A bailarina Marcella Borges, de 22 anos, dança o papel de Medora em 'O corsário', no Theatro Municipal do Rio — Foto: Divulgação/Daniel Ebendinger
A bailarina Marcella Borges, de 22 anos, dança o papel de Medora em 'O corsário', no Theatro Municipal do Rio — Foto: Divulgação/Daniel Ebendinger

Enquanto o Governo do Estado arca com os custos fixos do teatro, como manutenção e salários, é o patrocínio através das leis de incentivo à cultura que garante a grande maioria das produções da casa. A Petrobras, que há 20 anos patrocina a casa, se tornou este ano patrocinadora oficial, e a renovação para 2024 já está em andamento. O diferencial, diz a presidente do Municipal, é que desta vez o patrocínio estará assegurado até julho de 2025:

— O contrato atual com a Petrobras só foi assinado em agosto e não podíamos correr o risco de anunciar títulos e depois cancelar alguns, frustrando o público. Assinando o novo contrato até fevereiro, como estamos prevendo, conseguimos ter um lastro e adiantar as produções — afirma.

Quem for assistir à montagem integral de “O Corsário” também vai notar mudanças mais recentes no teatro que data de 1909. As cadeiras de veludo ganharam um tom mais rosado, um pouco diferente da versão antiga, vermelha. E há carpetes novos. No palco, a montagem conta com cenários e figurinos saídos do forno. Para Hélio Bejani, um dos destaques é o trabalho junto à orquestra sinfônica da casa, que será regida pelo maestro Jésus Figueiredo. A música é assinada por quatro compositores bem conhecidos do público do balé: Adolphe Adam, Cesare Pugni, Leo Delibes e Riccardo Drigo.

— Fizemos um trabalho intenso de arranjos com a orquestra, para que músicos e bailarinos estejam bem afinados — diz Bejani, que trabalha desde 2018 na remontagem dos grandes balés ao lado de Jorge Teixeira, maître de ballet do teatro, nas companhias do Municipal e da Maria Olenewa.

Com a experiência de quem chegou ao Balé do Theatro Municipal em 2017 como estagiária, a estrela desta noite, a carioca Marcella Borges, diz estar à vontade naquele que é seu balé preferido entre todos do repertório clássico.

— O casal principal, Medora e Conrad, tem uma sintonia muito grande, que envolve o público. É mágico como ele a consegue libertar depois de tantas lutas e dificuldades. Há um momento lindíssimo que é o pas-de-trois do casal com Ali, que é o escravo do Paxá, homem que se encanta por Medora e a leva embora — conta Marcella, que decidiu ser bailarina aos 6 anos depois de ver Ana Botafogo dançando na televisão. Nas voltas que a vida dá, agora é ela quem ocupará o palco que fez a fama de Ana Botafogo.

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