'Eu sou a mãe, e o João é o pai. Somos complementares', diz Carmo Dalla Vecchia sobre a criação do filho Pedro, com o autor João Emanuel Carneiro

---- A partir do momento em que falei da minha orientação sexual publicamente, mesmo só falando o primeiro nome do João, acabei fazendo que as pessoas chamam de "outing", né? O clássico tirar do armário. Eu acabei tirando o João do armário. Mas, aí, ele olhou para mim e disse: "Mas eu nunca tive no armário". Porque, realmente, nunca escondeu nada ---- disse Carmo.

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Ele e João Emanuel têm um filho, Padro, de 4 anos. O ator costuma dizer que é a "mãe", e o companheiro, o pai do menino. Questionado pela jornalista se essa não seria uma declaração que reforça estereótipos, ele explicou por que não concorda com esta ideia.

---- No Brasil, 11 milhões de mães criam seus filhos sozinhas. O que fica para essas mulheres? Fralda, comida... A realidade da criança como um todo, em nosso histórico, é feita pela mulher. Com isso, não estou dizendo que é o certo, é a história que a gente vê acontecer. São raros os homens que têm uma relação de estar presente de fato, de saber quando é o aniversário do coleguinha, da professora, de levar ao médico. Tudo isso é executado pela figura feminina. É uma realidade, não fui eu quem a criei, Lamento, inclusive que seja dessa forma --- analisa.

E continua:

--- Quando digo que sou a mulher da relação, que sou a mãe e o João é o marido, o pai, é porque, dentro da vida do Pedro, quem cuida desse trabalho que, geralmente, fica a cargo da mulher, do "dormiu, comeu, foi ao médico", sou eu. Todas as vacinas foram dadas no meu colo. O João busca na escola, dá o chocolate que acaba com a fome da criança antes do jantar, brinca de esconder. E não tem problema nenhum nessa convivência, somos complementares. Não estou reforçando estereótipo, nem dizendo que existe dentro, do casamento gay, o homem e a mulher, apenas contando que na minha casa funciona assim.