Maestro, pianista e compositor, Laércio de Freitas morreu aos 83 anos, em São Paulo, na tarde desta sexta-feira (5). O músico estava em sua casa, e teria morrido dormindo, segundo informações da família. Ele foi internado no final do mês passado com uma infecção nos rins no Hospital da Universidade de São Paulo.
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Pai da atriz e cantora Thalma de Freitas, Laercio terá o corpo velado e cremado neste sábado (6) no cemitério da Vila Alpina. Nascido em Campinas, Laércio estudou piano no Conservatório Carlos Gomes, graduando-se em 1957. Um dos maiores musicistas do país, ele fez parte de formações históricas, como o Radamés Gnattali Sexteto, a Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, e o Tamba 4, onde entrou para substituir Luis Eça.
A partir de 1966, fez carreira internacional em apresentações na Europa, Ásia e México. Atuou com músico, compositor e arranjador em discos seminais da música brasileira, como "Erasmo" (1968), de Erasmo Carlos; "Mustang cor de sangue" (1969), de Marcos Valle; "Alegria Alegria vol.3 ou cada um tem o disco que merece" (1969), de Wilson Simonal; "Elza Soares" (1973); "Quem é quem" (1973), de João Donato.
Também acompanhou nomes como Maria Bethânia, Ângela Maria, Clara Nunes, Ivan Lins, Emílio Santiago, Quarteto em Cy e Martinho da Vila. Em 1972 lançou o primeiro disco solo, "Laércio de Freitas e o som roceiro", seguido de "São Paulo no balanço do choro" (1980), "Terna saudade" (1988), "Instrumental no CCBB - Laércio de Freitas e Carlos Malta" (1993) e "Laércio de Freitas homenageia Jacob do Bandolim" (2006). Também foi arranjador em formações como a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e a Banda Mantiqueira.
![Laércio de Freitas e a filha, Thalma de Freitas — Foto: Cristina Granato](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/SBQmDRQPFmkq-D6Mh2HKySk8VN0=/0x0:1118x1692/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/G/h/ssogZ9RAGR2oqVaMQxzQ/38685924-0402.2005-cristina-granato-divulgacao-jb-ba-coluna-de-j-a-gueiros-edicao-do-dia-1.jpg)
Na TV, começou em programas musicais, como "Um toque de classe" (TV Manchete), "Alegria do choro" e "Café Concerto (TV Cultura), e depois também fez participações como ator, nas novelas "Mulheres apaixonadas" e "Viver a vida", escritas por Manoel Carlos. No cinema, ganhou o Kikito de composição em Gramado em 1999 pela trilha da clássica animação "Amassa que elas gostam", de Fernando Coster, e interpretou o marinheiro João Cândido, líder da revolta da Chibata, no longa "Chibata" ( 2015), de Marcos Manhães Marins.
Em 2022, o músico foi homenageado pelo projeto "Laércio de Freitas: Moderno e eterno", que contou com um disco com a participação de pianistas como Cristovão Bastos, Amilton Godoy, Silvia Goes e Tiago Costa, além de um livro de partituras de sua autoria. Laércio de Freitas deixa as filhas Thalma e Tricia, a mulher, a produtora Piki de Freitas, e três netos.