Desde que emocionou o público ao se declarar gay em 2021, durante o programa "Dança dos famosos", Carmo Dalla Vecchia vem recebendo relatos tocantes sobre as questões LGBTQIA+. O ator resolveu, então, transformar essas falas em arte.
O ator está produzindo um espetáculo em que reúne alguns desses relatos. Vai se chamar "Alma debruçada na janela", como revelou em entrevista à jornalista Maria Fortuna, durante a estreia do videocast "Conversa vai, conversa vem", lançado nesta sexta-feira (5), pelo Jornal O GLOBO.
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- Logo após eu ter falar publicamente a respeito da minha orientação sexual, comecei a receber muitas mensagens de mães e famílias que aceitaram os filhos gays e também relatos de pessoas LGBTQIA+ sobre seus processos - conta ele. - Achava que já tinha lido alguns livros e visto filmes e já sabia a dramaturgia dentro dos perrengues e dramas relacionados à orientação sexual. Mas não, há muito mais coisa. Menti um cara com essa missão bonita.
Carmo também abordará sua relação delicada com o pai, um homem de poucas palavras, que morreu há três anos.
- Era uma relação difícil, não tinha diálogo, era monólogo e tinha opiniões duras. Mas eu sabia que ia sentir a falta dele quando não estivesse mais aqui, então passei a gravar nossas conversas. Quando ele perdeu o pai e foi dar a notícia para a minha avó, que chamava Alma, ela estava debruçada na janela. Por isso é o nome do espetáculo.
O título também dialoga o que vai fundo em cada um, segundo o ator:
- É aquela expectativa da alma das pessoas LGBTQIA+ de, quando de se descobre, pensar: "O que eu faço agora? Vou ser aceito? Vou sofrer homofobia? Minha família vai me aceitar". Sempre digo: Adquira sua independência financeira. Que aí você pode fazer da sua vida o que quiser. Não acho que as todas as pessoas têm a obrigação de sair do armário.
O ator também comentou o fato de personagens gays não serem muito bem aprofundados em novelas.
- Nunca vi na TV um personagem igual a mim: gay, com família, que não tenha a obrigação de ser um viado engraçado. Os gays que estamos acostumados a ver retratados tem a obrigatoriedade de ser engraçados e divertido para a família brasileira absorver.