Depois de uma carreira de quatro décadas, a malaia Michelle Yeoh, de 60 anos, se tornou, neste ano, a primeira atriz de origem asiática a vencer o Oscar de Melhor Atriz. Em entrevista à Variety durante o Festival de Cannes, neste domingo, ela disse que os artistas asiáticos foram ignorados por muito tempo, mas tem esperança no futuro. A atriz comentou, também, que está vivendo o maior progresso que já vivenciou em toda a carreira: ela está finalmente recebendo roteiros que não pedem por uma "pessoa de aparência asiática".
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— A melhor coisa que aconteceu foi que recebi um roteiro que não descreve o personagem como uma pessoa chinesa ou asiática. Somos atores. Devemos agir. Devemos assumir os papéis que nos são dados e fazer nosso trabalho da melhor maneira possível. Isso, para mim, é o maior passo à frente — disse Michelle, que espera que a sua vitória no Oscar sirva não apenas para benefício próprio, mas também para outros atores, de maneira prática.
— A coisa mais importante que a minha vitória no Oscar fez foi gerar tanto orgulho para o nosso povo. No dia em que venci, ouvi honestamente o rugido de alegria que veio daquele canto do mundo. Tem se movido lentamente dessa forma e isso abriu a porta, que não está fechando atrás de mim. Quando havia poucos papéis no passado, era muito competitivo [entre os atores]. Mas, agora, temos que mudar a mentalidade. Se eu for bem-sucedido, você também pode ser bem-sucedido — falou a atriz.
Durante a entrevista, ela relembrou sua primeira ida ao Festival de Cannes, há mais de 20 anos, com o filme "O Tigre e o Dragão" (2000), que arrecadou mais de U$ 200 milhões ao redor do mundo e recebeu 10 indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Diretor e Roteiro — e, apesar disso, nenhum dos atores foi indicado. Para ela, "é bastante óbvio" que, naquela época, Hollywood não estava pronta para reconhecer atores asiáticos.
— Quando 'O Tigre e o Dragão' foi lançado, as pessoas diziam: 'Ninguém nos EUA assistirá a este filme porque não sabem ler as legendas'. Mas adivinhe? Os americanos sabem ler — afirmou a atriz.
Para ela, o sucesso de "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", filme pelo qual ganhou o Oscar (e que levou os principais prêmios da noite), é a prova de que histórias novas e "diversificadas" devem ser contadas e que o público está interessado nelas.