Mãe das gêmeas que receberam remédio mais caro do mundo em Portugal pede desculpas

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Ela negou que tenha pedido a Nuno Rebelo, filho do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para intervir em nome das filhas.

Elas receberam duas doses de Zolgensma, que custam € 2 milhões (R$ 11 milhões) por unidade, para tratar a atrofia muscular espinhal (AME).

— Fiz o que qualquer mãe faria. Reuni familiares e comecei a abrir todas as alternativas que tínhamos — começou ela, que, depois de chorar e explicar como enviou um "e-mail padrão" a destinatários portugueses e brasileiros na tentativa de criar a mobilização para ajudar as filhas, revelou:

— Quando entrei no hospital, diziam que eu estava lá a mando do presidente da República. Eu passei a acreditar nisso. Afirmei que conhecia a nora do presidente, mas isso só aconteceu dois anos depois, em um evento de Natal. Nunca falei nem conheci o presidente e seu filho. Em uma suposta conversa informal, me vangloriei, disse algo que não era verdade, por vaidade. Peço desculpas. Errei, e disse uma mentira. Fui parva (inocente). Depois, percebi que tinha caído numa armadilha, onde fui gravada com uma câmera escondida em minha casa.

Em entrevista à “TVI” Martins primeiro negou o favorecimento. Mas, ao fim da entrevista, acabou falando, com as câmeras ainda ligadas:

"Dei de cara com a médica. Ela falou para mim que não ia dar, que não tinha mandado eu ir lá. Aí a gente usou nossos contatos, né? Aí entrou o pistolão que você falou. Conheci a nora do presidente, que conhecia o ministro da Saúde, que mandou um e-mail para o hospital."

Confrontada com um e-mail de sua conta pessoal enviado à nora do presidente da República, no qual pedia para agradecer ao então secretário de Saúde, António Lacerda Sales, que supostamente teria agido em seu favor, ela disse não ter conhecimento.

Antes do depoimento de Martins, a CPI aprovou a convocação do ex-primeiro-ministro António Costa para depor, o que poderá ser feito por escrito.

Nuno Rebelo, filho do presidente, também pode ser convocado. Ele vive no Brasil e, segundo disse seu advogado, poderia invocar o direito de ficar em silêncio.