Portugal Giro
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Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

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Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

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Planejado para ser uma marca oficial de comunicação do governo com imagem “inclusiva, plural e laica”, o novo logotipo de Portugal iniciou uma polêmica no país. Este mês, virou tema da campanha política para as eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

A imagem institucional foi remodelada em setembro, antes de o governo perder poderes. Sumiram símbolos que fazem parte da bandeira nacional, criada em 1910, como a esfera armilar (mundo que os navegadores encontraram), castelos e quinas, cruz grega e chagas de Cristo.

Dentro dos cinco escudos que formam a cruz azul na bandeira, cinco pontos brancos remetem às chagas de Cristo, reforçando a ligação do país com o cristianismo.

Uma interpretação dos especialistas para os sete castelos: representariam os reis mouros derrotados em 1150.

Em seus lugares, o escritório contratado pelo governo por € 75 mil (R$ 396 mil) criou um círculo entre um retângulo e um quadrado. As cores do país foram mantidas.

O governo explicou em um manual que não se propõe a reconstituir a bandeira, protegida pela Constituição. “Esta imagem torna-se mais operacional, ao mesmo tempo que reserva e preserva a bandeira nacional”.

E justificou que “Através da síntese formal, a nova imagem afirma-se também inclusiva, plural e laica” (...) Responde de forma mais eficaz aos novos contextos, determinados pela sofisticação da comunicação digital…”

A oposição à direita do Partido Socialista, destituído de seus poderes pelo presidente na sequência da demissão do primeiro-ministro António Costa, aproveitou para incluir o tema na campanha.

Candidato ao cargo de primeiro-ministro caso o Partido Social Democrata (PSD, de centro-direita) vença as eleições, Luís Montenegro promete revogar a decisão se for eleito e conseguir formar governo. O PSD chegou a ficar na frente do PS nas pesquisas, mas perdeu terreno.

“Com o meu governo, deixaremos de usar o novo símbolo. No nosso projeto não fazemos sucumbir as nossas referências históricas e identitárias a uma ideia de sofisticação”, escreveu Montenegro no X.

Autoproclamado defensor da matriz cristã, apesar de, ao mesmo tempo, ter sido multado por discriminar a comunidade cigana e ter chamado de bandidos uma família pobre e negra, o líder da sigla de ultradireita Chega também criticou no X:

“(...) Deixa de haver as quinas, os símbolos de Cristo e tem, segundo eles, documentos mais laicos, mais inclusivos. É negação de toda a nossa História.

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