Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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GERADO EM: 20/06/2024 - 16:54

Desafios da nova gestão da Petrobras

A nova gestão da Petrobras enfrenta desafios para acelerar investimentos alinhados ao governo federal, com preocupações sobre possíveis atropelos e maus investimentos. A transição energética é destacada como um caminho positivo, enquanto investimentos em refinarias e fertilizantes são vistos com ceticismo. A falta de planejamento governamental para absorver os investimentos em energias renováveis também é uma preocupação levantada.

O clima desse primeiro mês da gestão de Magda Chambriard à frente da Petrobras se desenrolou no melhor estilo do desenho animado "Corrida Maluca", da Hanna Barbera. É o que dizem nos bastidores pessoas da administração da empresa que se preocupam com a pressão para dar velocidade aos investimentos da empresa, uma das críticas do governo a gestãoa de Jean Paul Prates. É que quem vive o dia a dia da Petrobras diz que não é possível acelerar, mais do que já vinha sendo feito, a implementação de projetos. A preocupação é que haja um atropelo, o que normalmente não se desdobra em bons resultados.

-Ainda estamos no campo das promessas. Todavia, quem viu a apresentação da Magda sabe que o foco dela é o de acelerar investimentos que se sabe não serão passíveis de serem realizados dentro dos padrões normais de governança de projetos. No passado (2008 em diante) foi este o fator para que fossem abandonados os gates (portões de análises de projetos) para acelerar investimentos e foi isso que permitiu que cerca de 40 FPSOs (pltaformas) fossem encomendados no âmbito da Sete Brasil - lembra uma fonte ligada à administração da petroleira.

O alinhamento total ao governo federal, declarado por Magda, em sua posse, nesta quarta-feira, também é alvo de preocupação. Especialistas e pessoas ligadas à administração da companhia dizem entender que é possível e necessário que a Petrobras faça alguns investimentos de risco, como aqueles voltados à transição energética. E reconhecem também que terminar o Comperj, pode mesmo fazer sentido. Recomprar refinadoras vendidas pela companhia no governo Bolsonaro e investir em fertilizantes, no entanto, seria injustificável.

No caso de refino, a ampliação de competidores no mercado é inclusive bom para o Brasil, para o mercado, afirmam. No caso dos fertilizantes, a leitura é que seria um desastre, prejuízo certo, afirmam.

- O conjunto de exploração, produção e refino, as três coisas, dão retorno de 15% a 20% em dólar no prazo de 15 anos e 20 anos. Então nesses números o Brasil está entre os campeões mundiais de rentabilidade. Mas tirar um dólar qualquer para investir em fertilizante o resultado é certamente negativo - destaca uma fonte da administração da companhia.

E pondera:

- Pelo volume de capital que a companhia tem e o que gera de energia suja, há uma justificativa política e financeira para que se faça esse investimento em transição energética, mesmo que dê prejuízo num primeiro momento. Isso é bom para Petrobras e é bom para o Brasil. E além disso nós temos ali um centro de pesquisa da Petrobras que é extraordinariamente rico e afeito a criação de tecnologias geração de patentes, atração de mão de obra, pactos com universidades e assim por diante. Temos os ingredientes para fazer essa transição. E esse negócio (petróleo), um dia vai acabar e é bom pensar numa nova realidade de mercado.

Essa mesma fonte explica, no entanto, que não há planejamento governamental para absorver todo o volume de investimento nas energias renováveis previsto pela Petrobras. É que não basta produzir, essas energias têm que ser conectadas ao sistema nacional para fazer sentido, estarem vinculados a projetos de produção limpa e por aí vai. Segundo especialistas, não há planejamento governamental a altura de tanto investimento. Falta um direcionamento estratégico para transição em um projeto que seja de Estado.

A outra preocupação é que quando se tem projetos para empreendimentos para os quais não se domina todo o processo é essencial firmar parcerias e a Petrobras não tem uma boa tradição nesse sentido. Não só a empresa não tem uma cultura associativa, como acumula vários problemas de compliance.

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