Malu Gaspar
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Por Malu Gaspar e Rafael Moraes Moura — Rio e Brasília

A transferência de Tarcísio de Freitas do Republicanos para o PL de Jair Bolsonaro está sendo tratada nos bastidores dos dois partidos como uma "separação consensual" e não como um "divórcio litigioso".

Essa é a avaliação de interlocutores envolvidos na negociação que, segundo o próprio Bolsonaro declarou numa conversa com o colunista Igor Gadelha, do site Metrópoles, está “90%” fechada.

Segundo esses aliados, o desembarque do Republicanos deve acontecer até junho e terá o beneplácito do presidente do partido, Marcos Pereira.

Isso porque, embora o governador de São Paulo tenha alta aprovação popular e deva ser um cabo eleitoral de peso nas eleições municipais de 2024, sua presença no Republicanos pode atrapalhar os planos de Pereira de se candidatar à presidência da Câmara no início de 2025.

Embora a eleição para suceder Arthur Lira (PP-AL) ainda esteja longe, os potenciais candidatos já estão em campanha – e Pereira trabalha para se viabilizar como opção de consenso entre o presidente da Câmara e o presidente da República.

Lira ainda não escolheu um candidato, mas um de seus principais aliados, o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), está no páreo, e o presidente da Câmara tem dito nos bastidores que vai apoiar quem se viabilizar politicamente.

Nesse contexto, o apoio do Planalto é ainda mais importante.

Mas, com Tarcísio no Republicanos, fica mais difícil contar com Lula, já que o presidente dificilmente apoiaria para o comando da Câmara alguém que tem a seu lado um potencial adversário do PT na disputa presidencial de 2026.

“O melhor caminho para o Tarcísio e para o Marcos Pereira é esse. O governador tem de ficar perto do padrinho político dele”, diz uma fonte que acompanha de perto a transferência de sigla do governador.

De acordo com essa fonte, Tarcísio e Pereira já conversaram diversas vezes sobre essa possibilidade – uma delas em agosto e por telefone, quando o presidente do Republicanos estava no exterior, e outra pessoalmente há algumas semanas, mais ou menos na mesma época em que Pereira viajou a convite de Lula no avião presidencial para São Paulo.

O deputado acompanhou o presidente na cerimônia de assinatura do termo de compromisso para a construção de um túnel de 860 metros de extensão que vai ligar Santos a Guarujá, obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) orçada em R$ 5,8 bilhões.

Tarcísio também participou do evento. E recebeu afagos de Lula, mesmo depois de travar uma disputa com o Palácio do Planalto pelo financiamento da obra.

“Eu encontrei com o Tarcísio em Coari, no meio da Amazônia, trabalhando no gasoduto. Depois, o Tarcísio trabalhou com a Dilma Rousseff, depois, eu estranhei vendo ele trabalhar com o Bolsonaro, mas paciência, é uma opção dele”, disse Lula. “O que eu vou lamentar? Eu tenho que parabenizá-lo e me preparar para derrotá-lo nas próximas eleições.”

Procurado pela equipe da coluna para comentar os detalhes da apuração, Marcos Pereira se limitou a dizer que “não estava sabendo de nada disso”. Mas, ao ser indagado se está empenhado em garantir a permanência de Tarcísio na legenda, não respondeu.

Pereira tenta se equilibrar entre o apoio da base lulista e parte da oposição, mas não quer ser rotulado como candidato governista – ainda que o seu partido tenha emplacado o deputado federal licenciado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) no comando do Ministério dos Portos e Aeroportos.

Já os afagos de Tarcísio a Bolsonaro vieram no mês passado, no ato do ex-presidente na Avenida Paulista. Do alto de um trio elétrico o governador disse que “não era ninguém” antes de integrar o primeiro escalão do governo Bolsonaro como ministro da Infraestrutura e depois disputar o governo de São Paulo.

“Bolsonaro não é mais um CPF, não é mais uma pessoa, ele representa um movimento de todos aqueles que aprenderam e descobriram que vale a pena brigar pela família, pela pátria e pela liberdade”, disse o governador, em um discurso de cerca de cinco minutos.

Nas últimas semanas, Tarcísio foi alvo de pressão dos bolsonaristas para ir para o partido de Bolsonaro – inclusive com o vazamento de detalhes das negociações, para tornar o movimento irreversível.

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