Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna

Por Johanns Eller

O historiador e militante da causa palestina que provocou indignação nas redes sociais ao zombar de uma mulher israelense sequestrada pelo Hamas no último sábado (7) admitiu nesta terça-feira à equipe do blog que adotou um tom inadequado “no calor do momento”.

Mas Sayid Marcos Tenório, que é vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina, endossou a ofensiva que já deixou quase 2 mil mortos entre israelenses e palestinos e disse considerar que o Hamas age "dentro da legalidade internacional". Pouco depois da equipe da coluna abordá-lo por telefone, seu perfil no antigo Twitter com 51 mil seguidores saiu no ar.

No último sábado, em resposta a um perfil no Twitter que reproduziu o vídeo de uma mulher sequestrada pelo Hamas durante os ataques terroristas e levantou a hipótese de estupro, Tenório debochou da mancha de cor escura em sua calça.

"Isso é marca de merda. [Ela] Se achou nas calças", respondeu Sayid Tenório.

Mas apesar de ter reconhecido que sua declaração foi inadequada, o vice-presidente do Instituto Brasil Palestina (Ibraspal) diz que não viu “zombaria” na publicação e relativizou as circunstâncias do vídeo.

“Aquela imagem ali foi compartilhada como uma pessoa tinha sido estuprada por um terrorista palestino. Na verdade era uma militar israelense que foi capturada. A roupa suja não foi o que eles disseram… Pode ter eventualmente derramado alguma coisa, pode ter feito cocô, xixi, na roupa. É uma guerra e isso pode ter relação com o estresse que domina a pessoa no momento da captura", afirmou.

Tenório é militante histórico do PCdoB e já atuou em diversos gabinetes na Câmara dos Deputados. O mais recente deles é o do deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), no qual ocupou um cargo comissionado até o último dia 25, com salário mensal bruto de R$ 21 mil – um dos mais altos da Câmara.

Embora seja vice-presidente do instituto, ele é pernambucano e afirma não ter origens palestinas. Tenório é também colunista do site 247, onde assina artigos com títulos como "Terrorismo de Israel contra ONGs de Direitos Humanos" e "Os laços do sionismo com o Nazismo".

Questionado pela equipe do blog se as declarações não prejudicam o próprio povo palestino e a esquerda, Tenório confirmou que apagou a publicação.

“Às vezes fazer o debate nesse tom não é saudável. Não ajuda as forças que são solidárias à causa palestina”, reconheceu ele, que afirma ter agido sob estresse em razão de ameaças que teria recebido por telefone pelo apoio aos ataques do Hamas nas redes.

Mesmo depois do episódio, porém, Sayid Marcos Tenório endossou a ofensiva do Hamas que atingiu diversas cidades de Israel no último sábado e matou 1,8 mil pessoas, das quais a maioria civis. Entre 100 e 150 pessoas foram raptadas e levadas para a Faixa de Gaza, incluindo idosos e bebês.

Nas redes sociais, o vice-presidente do Ibraspal tem celebrado os ataques como uma vitória do povo palestino sobre décadas de opressão pelo governo de Israel.

“O que o Hamas faz é lutar contra um regime de opressão e no meu modo de ver eles estão dentro da legalidade internacional”, argumentou.

Os ataques do Hamas foram classificados pelas Nações Unidas como “abomináveis”. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou reconhecer os anseios palestinos por um Estado próprio, mas ressaltou que atos terroristas são injustificáveis.

Questionado pela equipe do blog sobre o teor das declarações de Sayid Marcos Tenório, o deputado Márcio Jerry alegou que não teve acesso direto às publicações de Tenório e não poderia comentá-las. Mas adotou um tom oposto ao do subordinado:

“Eu não vi as publicações do Tenório sobre o caso. Conheço as minhas, nas quais manifesto meu apelo à paz entre Israel e Palestina e nas quais condeno os ataques de Hamas a Israel e dos israelenses aos palestinos. Não vai ser pelas armas que resolveremos esse impasse. Eu lamento profundamente que tenha havido de um lado os ataques de Hamas a Israel, especialmente aos civis, e lamento que continue havendo ainda mais mortes na retaliação israelense”.

Segundo o portal da Câmara dos Deputados, o vínculo de Tenório com o gabinete de Jerry se encerrou no dia 25 de setembro, mas ele continua sendo funcionário da Casa.

O deputado afirma que o desligamento se deu pela nomeação do militante palestino para um novo cargo comissionado de assessoria parlamentar. O deputado não quis dizer que cargo é esse.

No X, o ex-Twitter, Tenório criticou tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto a deputada Maria do Rosário (PT-RS) por terem condenado os ataques do Hamas. Ainda no sábado, o historiador chamou a declaração de Lula condenando os atos terroristas de “fajuta”.

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