Por Memória Globo

Acervo/Globo

'Lado a Lado' gira em torno da sólida amizade de Laura (Marjorie Estiano) e Isabel (Camila Pitanga), duas mulheres de classes sociais diferentes, que lutam por seus amores, desejos e independência. A trama aborda os anseios e dificuldades enfrentadas por mulheres em busca de um novo papel na sociedade, além de mostrar a afirmação dos negros e de sua cultura no Brasil após o fim da escravidão. Os acontecimentos históricos do período, como a Revolta da Vacina e a Revolta da Chibata servem como pano de fundo dos conflitos vividos pelos personagens, dando um panorama da formação da cidade do Rio de Janeiro, então capital federal, na primeira década após a instauração da República. O nascimento das favelas, o surgimento do samba e a introdução do futebol no país ajudam a compor o cenário da história. Laura, filha de ex-barões do café, e Isabel, jovem negra, pobre e trabalhadora, se conhecem na igreja, enquanto aguardam seus futuros maridos para subir ao altar. Ali, entre meias confidências, nasce uma amizade genuína entre as duas, que perpassa toda a trama.

Enquanto Isabel espera ansiosa e feliz pela chegada do noivo Zé Maria (Lázaro Ramos), convicta de que é isso que quer para sua vida, Laura não esconde suas dúvidas e temores diante de um casamento que não deseja: ela vai se casar com Edgar (Thiago Fragoso) contra sua vontade, já que o que gostaria mesmo é de estudar e trabalhar para ser independente e, um dia, tornar-se escritora. Desejos que não correspondem ao papel imposto para as mulheres da época e, portanto, incompreendidos pela sociedade.

Cena em que Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano) se conhecem.

Cena em que Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano) se conhecem.

Laura e Edgar

Laura e Edgar ficaram noivos muito jovens, pouco antes de ele ir para Portugal estudar Direito. Ao longo dos quatros anos de separação, o amor se esvaiu, mas eles não têm coragem de romper o compromisso, receando magoar um ao outro. Interessada na aproximação de sua família com a de Edgar, filho de um senador da República, a ex-baronesa Constância (Patrícia Pillar), mãe de Laura, faz o que pode para manter esse noivado, como enviar poemas e presentes para o rapaz como se fosse Laura. Os jovens se casam sem amor, mas vão encontrando muitas afinidades até se descobrirem apaixonados.

A felicidade do casal, porém, é interrompida por uma carta da cantora lírica Catarina (Alessandra Negrini), com quem Edgar viveu um romance em Portugal. Ela conta que os dois tiveram uma filha, Melissa, e que o bebê está muito doente. Edgar viaja para Portugal para acudir a menina. Logo após a partida, Laura descobre que está grávida. Abalada e sofrendo muito sem notícias do marido, ela acaba perdendo a criança.

Thiago Fragoso e Marjorie Estiano em Lado a Lado, 2012 — Foto: Raphael Dias/Globo

Edgar retorna ao Brasil com Catarina e Melissa, para que a filha tenha a assistência paterna. Catarina trama vários planos para separar Edgar de Laura, levantando suspeitas sobre a fidelidade dele. Laura pede o divórcio, um escândalo para a época, e vai embora do Rio de Janeiro, voltando à cidade seis anos depois. Por coincidência, ela se torna professora na escola de Melissa (Eliz David), que se tornou uma criança frágil, que inspira cuidados. Laura se afeiçoa à menina, sem saber que ela é filha de Edgar. Quando os dois se reencontram, percebem que ainda se amam. Laura, no entanto, em nome de sua independência, não quer voltar a morar com o ex-marido.

O divórcio de Edgar e Laura se torna público depois que ela volta à cidade, e Laura perde o emprego de professora. Com o tempo, passa a atuar como jornalista, escrevendo com o pseudônimo de Paulo Lima. Paralelamente, Edgar exerce a mesma atividade, e também assina seus artigos e reportagens com outro nome. Um admira os artigos do outro, sem desconfiar dos nomes falsos. Quando Laura descobre que Edgar é o autor dos textos que tanto a fascinam, os dois superam a crise, revogam o pedido de divórcio e voltam a viver juntos. Depois de cometer várias maldades, Catarina, que se envolvera com Fernando (Caio Blat), o irmão inescrupuloso de Edgar, é presa no fim da trama. A polícia descobre que ela é a responsável pelo incêndio criminoso que atingiu a escola do morro da Providência e que colocou sua própria filha em perigo.

Cena em que Laura (Marjorie Estiano) e Edgar (Thiago Fragoso) revogam o pedido de divórcio.

Cena em que Laura (Marjorie Estiano) e Edgar (Thiago Fragoso) revogam o pedido de divórcio.

Isabel e Zé Maria

Isabel é negra, filha de um ex-escravo, o barbeiro Seu Afonso (Milton Gonçalves). Trabalha desde os 14 anos na casa de Madame Besançon (Beatriz Segall), que a ensinou a falar francês, e mora com o pai em um cortiço, núcleo dos personagens pobres da novela. Zé Maria também é um dos moradores do local. Homem íntegro e justo, trabalha com Seu Afonso na barbearia, sendo conhecido como Zé Navalha. Ele não hesita em defender seus direitos, especialmente em uma sociedade extremamente preconceituosa com os negros.

Cena em que Isabel (Camila Pitanga) dança graciosamente no Carnaval quando é abordada por Zé Maria (Lázaro Ramos).

Cena em que Isabel (Camila Pitanga) dança graciosamente no Carnaval quando é abordada por Zé Maria (Lázaro Ramos).

A ficção reconstitui a realidade ao encenar o “bota abaixo”, quando inúmeros cortiços foram demolidos por ordem do prefeito Pereira Passos para a execução de um plano de reforma do espaço urbano da então capital federal. No dia do casamento, Zé Maria se envolve em um confronto com policiais para defender os moradores do cortiço onde mora e é levado preso, com o agravante de ter usado a capoeira, prática proibida na época, para enfrentar a polícia.

Cena em que Isabel (Camila Pitanga) dá o primeiro beijo em Zé Maria (Lázaro Ramos).

Cena em que Isabel (Camila Pitanga) dá o primeiro beijo em Zé Maria (Lázaro Ramos).

Zé Maria é exímio capoeirista, mas não pratica em prejuízo de ninguém, apenas como manifestação genuína de sua cultura. Como a capoeira está associada à bandidagem, ele é mantido preso. Sem notícias do que pode ter acontecido com o noivo, Isabel volta para casa desolada e tem mais um dissabor ao descobrir que ela e o pai, assim como vários moradores, não têm mais casa. Todos vão morar no morro da Providência, no centro do Rio, a primeira favela surgida na cidade.

Cena em que Zé Maria (Lázaro Ramos) luta capoeira no Carnaval.

Cena em que Zé Maria (Lázaro Ramos) luta capoeira no Carnaval.

Certa de que Zé Maria a abandonou, Isabel é seduzida por Albertinho (Rafael Cardoso), filho de Constância (Patrícia Pillar), com quem tem sua primeira noite de amor. Quando Zé sai da cadeia, descobre que a amada está esperando um filho e rompe a relação. Isabel também é rejeitada pelo pai, que não aceita a desonra da filha.

Cena em que a ficção reconstitui a realidade, encenando o “bota abaixo”: cortiços são demolidos por ordem do então prefeito Pereira Passos para a reforma do espaço urbano. Isabel (Camila Pitanga) e Afonso (Milton Gonçalves) se indignam e enfrentam os policiais. Com Berenice (Sheron Menezzes).

Cena em que a ficção reconstitui a realidade, encenando o “bota abaixo”: cortiços são demolidos por ordem do então prefeito Pereira Passos para a reforma do espaço urbano. Isabel (Camila Pitanga) e Afonso (Milton Gonçalves) se indignam e enfrentam os policiais. Com Berenice (Sheron Menezzes).

Meses se passam e Isabel dá à luz o filho de Albertinho. Constância, que nunca aprovou essa história, arma um plano para que a moça pense que o menino nasceu morto. Sofrendo muito, Isabel decide embarcar para a França, onde se torna uma dançarina bem-sucedida. Elias (Cauê Campos), seu filho, é criado no morro da Providência, perto do avô, sem que ninguém saiba que é filho de Isabel. Já Zé Maria, para esquecer Isabel, alista-se na Marinha do Brasil, tendo atuação relevante na Revolta da Chibata.

Cena em que a ficção reconstitui a realidade, encenando o movimento que ficou conhecido como “Revolta da Chibata”: marinheiros inconformados com a imposição de castigos físicos por faltas cometidas, rebelaram-se no ano de 1910, sob a liderança de João Cândido. Com Zé Maria (Lázaro Ramos) e Carlos Guerra (Emílio de Mello).

Cena em que a ficção reconstitui a realidade, encenando o movimento que ficou conhecido como “Revolta da Chibata”: marinheiros inconformados com a imposição de castigos físicos por faltas cometidas, rebelaram-se no ano de 1910, sob a liderança de João Cândido. Com Zé Maria (Lázaro Ramos) e Carlos Guerra (Emílio de Mello).

De volta ao Brasil, com uma bem-sucedida carreira de dançarina na Europa, Isabel reencontra Zé Maria, e os dois retomam o romance. Isabel brilha no palco do Teatro Alheira com seu show de samba, mas Zé, desempregado, sente-se diminuído com o sucesso da amada. Quando consegue um emprego em um jornal, pede Isabel em casamento. A essa altura, Isabel descobre que seu filho está vivo. Sabendo que terá de se aproximar de Albertinho, o pai do menino, ela rompe com Zé Maria. Ele, por sua vez, inicia um romance com a médica Fátima (Juliana Knust).

Isabel tenta conquistar o filho que, a essa altura, já foi “envenenado” por Constância contra ela. A refinada avó de Elias se afeiçoa de verdade ao menino, ainda que continue preconceituosa em relação aos negros, e tenta fazer com que ele rejeite a mãe. No final da trama, Zé Maria e Isabel reatam a relação e se casam em uma cerimônia no morro da Providência. Albertinho, por sua vez, após deixar-se conduzir pela mãe durante toda a trama, pede perdão a Elias por tê-lo rejeitado como filho, arruma um emprego e reconstrói sua vida.

Lázaro Ramos e Camila Pitanga em Lado a Lado, 2012 — Foto: Raphael Dias/Globo

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