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'Pantanal' resiste ao tempo e impressiona com imagens lindas

Patrícia Kogut

Irandhir Santos (Foto: João Miguel Junior/Globo)Irandhir Santos (Foto: João Miguel Junior/Globo)

 

Remake do megassucesso de Benedito Ruy Barbosa na TV Manchete, “Pantanal” chegou encantando de novo. Exibido nesta segunda-feira (28) na Globo, o primeiro capítulo foi suntuoso. Ele arrebatou com a fotografia e pelo enredo que se desenrolou num tempo próprio, o das tramas rurais.

Duas figuras centrais para a história de Bruno Luperi dominaram a noite: Joventino (Irandhir Santos) e o jovem José Leôncio (Drico Alves/Renato Góes). Mas o grande personagem foi mesmo o Pantanal. As imagens aéreas e do chão “respirando” junto com a beleza da região se impuseram o tempo inteiro. A novela abriu uma janela para um bioma que resiste, apesar das políticas de destruição do meio ambiente.

A direção artística de Rogério Gomes é pura demonstração de talento e maturidade. “Pantanal”, um projeto ambicioso, exige sensibilidade igual para o que é épico e para os detalhes. Ele acertou em todas essas medidas.

A novela de 1990 era lenta, apoiada nas imagens lindas e nos planos demorados, obra de Jayme Monjardim, com sua formação de fotógrafo. Em 2022, com os espectadores seduzidos pelos enredos ágeis e cheios de ação, tudo isso representava um desafio. Mas o autor, Bruno Luperi, conservou o ritmo lento. O capítulo foi longo, concentrado em alguns poucos acontecimentos-chave para fazer a história disparar. Verdade que quebrar o compasso original seria descaracterizar a essência da criação de Benedito. Ainda assim, foi uma escolha corajosa.

Seguimos pai e filho, da vida em comitivas até eles se instalarem no Pantanal. A mudança de cronologia fluiu, com os atores bem escalados e sem aqueles degraus que já fizeram mal a tantas novelas da Globo passadas em mais de uma fase.

Paulo Gorgulho teve um importante papel na versão original e fez uma bonita participação agora. Viveu Ceci, um velho peão que entregou seu berrante a Joventino. A passagem de bastão foi um símbolo. Ela expressou tudo o mais que vimos na tela: uma trama nova, mas que não renega o que a consagrou no passado.

Irandhir mostrou aquilo que o público já sabia: ele é hoje um dos grandes da nossa televisão. A prosopopeia, aquela figura de linguagem que trata da atribuição de características humanas a seres não humanos, é outra marca desta trama. E o ator foi visceral na compreensão dessa ideia. Suas sequências “contracenando” com o touro marruá ficaram especialmente emocionantes.

Renato Góes, Juliana Paes e Enrique Diaz apareceram pouco, mas já no comando de seus personagens. Finalmente, a abertura embalada pela voz de Maria Bethânia é uma atração à parte.

Com “Pantanal”, a TV aberta volta a espelhar o Brasil rural. É um movimento interessante: para que uma novela atraia as multidões, ela precisa estar em sintonia com o que o público está pronto para acompanhar. Não é sempre que essa mágica acontece. Aqui, ela parece ter ocorrido de saída.

 

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