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'Sessão de terapia': Danton e Selton Mello numa sintonia perfeita

Patrícia Kogut

Selton Mello e Danton Mello nos bastidores de "Sessão de terapia" (Foto: Helena Barreto)Selton Mello e Danton Mello nos bastidores de "Sessão de terapia" (Foto: Helena Barreto)

 

A filósofa alemã Hannah Arendt escreveu em “A condição humana” que “só o amor pode perdoar”. O episódio “Miguel” da quinta temporada de “Sessão de terapia” (no Globoplay) faz pensar nessa frase. Nele, testemunhamos um embate entre Caio (Selton Mello) e Miguel (Danton Mello). Eles são meios-irmãos e só se conhecem agora, adultos. Caio tem uma mágoa profunda da mãe, que o abandonou quando criança para viver com o amante. Ela teve outro filho (Miguel). O caçula recebeu todo o afeto que faltou ao mais velho. Hannah Arendt trata de política. Já Caio vive um conflito pessoal. Não tem como se resolver com a mãe, que está morta. Para aliviar sua dor, precisa, em alguma medida, perdoar.

O formato de “Sessão de terapia” congrega os atores num cenário único. Não há o recurso das encenações. Os fatos são narrados, e é através desses relatos que o espectador viaja e imagina o que acontece com os personagens, como numa sessão de análise. Esse episódio lindamente escrito (Jaqueline Vargas) ganha uma carga suplementar com a reunião de Selton e Danton, irmãos na vida real. Ela advém do subtexto silencioso. O espectador imagina o quanto de emoção real existiu na gravação. E quais foram as doses de profissionalismo e de técnica empregadas em cada frase dita. Caio afirma não ver semelhanças com Miguel (“só a voz”). O irmão rebate (“Olha pra gente. Você não achou a gente parecido?”). A câmera se aproxima enquanto eles estão afastados e se afasta no momento final, quando os dois se abraçam. É tudo cálculo e tudo coração. Não perca.

 

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