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'Sintonia', série de KondZilla na Netflix, tem elenco de talentos

Patrícia Kogut

Elenco de 'Sintonia', da Netflix (Foto: Divulgação)Elenco de 'Sintonia', da Netflix (Foto: Divulgação)

 

Estreia da Netflix, “Sintonia” enternece com um tema universal: a amizade. Mas carrega o espectador para um universo bem particular, o de uma comunidade da periferia paulistana.

É um ecossistema cultural bastante específico. Tanto que os personagens usam inúmeras gírias locais, em diálogos que se aproximam de um dialeto. A Vila Áurea, onde a ação transcorre, não existe. Mas as gravações aconteceram na Favela do Jaguaré, na Zona Oeste da capital. É um cenário pouco explorado na televisão e no cinema, ao contrário das comunidades pobres do Rio. O elenco é composto integralmente de talentos desconhecidos do público de televisão, outra qualidade da produção. Alguns dos atores são ex-detentos, formados num curso de teatro na penitenciária. Foi o que declarou em entrevista o cocriador (com Guilherme Quintella e Felipe Braga) e diretor, KondZilla — dono de um dos maiores canais de YouTube do mundo.

 

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Acompanhamos as aventuras de três jovens amigos e vizinhos. Doni (MC Jottapê) sonha ser um astro do funk. Estudante, ajuda o pai num pequeno mercado local. Sua família é amorosa, mas que não entende direito a vocação para a música. É grande amigo de Nando (Christian Malheiros), que tem mulher e uma criança pequena e quer melhores condições para eles. Se envolve com o tráfico de drogas e integra um grupo criminoso. Finalmente, seguimos Rita (Bruna Mascarenhas). A garota tenta sobreviver vendendo produtos contrabandeados na rua ou fazendo pequenos movimento de drogas, mas acaba se ligando à igreja evangélica. É um enredo embalado por muito funk.

A série, claro, retrata a vida numa comunidade pobre, mas se interessa menos pelo panorama geral do lugar do que pela intimidade de seus personagens. Ela emociona e é impossível não embarcar no drama de cada um e simpatizar com eles. Apresentar ao público um ambiente todo próprio é algo que a teledramaturgia americana faz bem. “Sintonia” acerta também nesse ponto. A realização potencializa o bom texto e o elenco inteiro é de talentos. A série trata de juventude, mas vai interessar a todos os públicos, com uma temática adulta e conflitos profundos e que emocionam. Não é fraca como “3%”, nem tem aquela estética de comercial de margarina de “Coisa mais linda”, outras produções nacionais oferecidas pela Netflix. Existe muita verdade no resultado final e nada parece enfeitado, cenografado ou estilizado. Há legitimidade em tudo. “Sintonia” merece toda a sua atenção.

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