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Jerônimo, de 'Verão 90', é um vilão de novela infantil

Patrícia Kogut

Jesuíta Barbosa, o Jerônimo de 'Verão 90' (Foto: Isabella Pinheiro/Gshow)Jesuíta Barbosa, o Jerônimo de 'Verão 90' (Foto: Isabella Pinheiro/Gshow)

 

Jerônimo (Jesuíta Barbosa) nunca foi boa bisca. Quando “Verão 90” — novela de Izabel de Oliveira e Paula Amaral com direção de Jorge Fernando — estreou e a cronologia da trama recuava aos anos 1980, ele ainda era criança. Mas já dava demonstrações de um caráter defeituoso: ambicioso, competitivo e agressivo demais, queria deixar para trás a pequena cidade onde cresceu. A mãe, Janaína (Dira Paes), se recusava a enxergar os problemas dele. Finalmente, com a passagem de tempo da novela, os mais previsíveis pesadelos da família se concretizaram. Ele se ligou a bandidos e caiu no desvio.

Nos capítulos mais recentes, deixou para trás o lugar praiano que detesta e veio para o Rio. Aqui, se enturmou com um grupo de mauricinhos e se hospedou na suíte presidencial de um hotel de luxo. Paga a conta com dinheiro roubado. Se autointitula amigo de estrelas de Hollywood e vem despertando o interesse desse núcleo dos ricos.

Tal trajetória é um clássico das telenovelas e não há demérito nisso. Quantas vezes o público já não se encantou com esse tipo de vilão cujos malfeitos crescem em contraste com a retidão de suas vítimas? Aqui, o jogo lembra aquela dinâmica de Maria de Fátima (Gloria Pires) e Raquel (Regina Duarte), em “Vale tudo”. A filha era malvada e a mãe se recusava a reconhecer o que estava evidente. Só que as ações do pueril Jerônimo não se comparam à frieza e à capacidade de cálculo de Maria de Fátima. Todos os obstáculos que ele enfrentou são tão frágeis que sequer poderiam ser chamados de obstáculos.

Jerônimo mistura palavras em inglês ao seu vocabulário em português. Finge que é filho de embaixador e garante aos incautos que viveu em várias capitais europeias. No capítulo do último sábado, ele queria ter acesso a um poderoso executivo de televisão que era esperado no hotel. Planejou se apossar das fichas dos hóspedes, que viu na mão da recepcionista no lobby. Para atingir esse objetivo, teve uma ideia: subiu até o último andar, simulou um incêndio ateando fogo a um pedaço de papel perto do sprinkler e desceu de novo. A moça continuava na mesma posição, com as fichas na mão. Aí foi só se apoderar delas, aproveitando a confusão. Com essas aventuras à la “Chiquititas”, vai ser difícil convencer o público adulto adepto do horário.

 

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