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'Assédio', série de Maria Camargo, é trunfo do Globoplay

Patrícia Kogut

Antonio Calloni como Roger Sadala em 'Assédio' (Foto: Ramon Vasconcelos/ TV Globo)Antonio Calloni como Roger Sadala em 'Assédio' (Foto: Ramon Vasconcelos/ TV Globo)

 

Série de Maria Camargo com direção artística de Amora Mautner, “Assédio” chegou ao Globoplay na última sexta-feira mostrando que a plataforma pode ser bem mais que um mero arquivo de programação da grade da televisão. É uma atração da melhor qualidade, com potencial para competir de igual para igual com o que a TV produz de melhor.

Cada um dos dez episódios tem um nome (“Stela, “Vera”, “Eugênia” etc). Esses títulos parecem indicar que veremos uma simples soma de enredos avulsos sobre mulheres que procuram o especialista em fertilização Roger Sadala (Antonio Calloni) para realizar o sonho da maternidade. Mas isso não acontece: o roteiro é ambicioso e bem armado, vai longe e ultrapassa qualquer fórmula esquemática. Ele se desenrola em várias cronologias: nas etapas que antecedem ao tratamento; no momento em que, sob efeito de anestesia, as personagens são violadas; e durante os depoimentos, quando elas finalmente se uniram para denunciar o que houve. Paralelamente, a autora investe na vida pessoal do protagonista, casado com Glória (Mariana Lima) e filho de Olímpia (Juliana Carneiro da Cunha). À medida em que a história avança, as feridas vão se ampliando e o enredo se aprofunda na personalidade arrogante e onipotente de seu vilão. A trama gira em torno do protagonista e todas as personagens servem a compor o grande painel de malfeitos que ele praticou. Mas as mulheres que o médico feriu têm grande importância na dramaturgia também.

A força do texto encontra uma grande parceria na direção artística competente de Amora Mautner. O elenco é, sem exceção, de talentos. Antonio Calloni faz um Sadala perfeito: pesado, grandiloquente, cheio de si, convencido de que está cumprindo alguma missão divina. Adriana Esteves, Mariana Lima, Juliana Carneiro da Cunha, Susana Ribeiro, Felipe Camargo e Denise Weinberg são só alguns dos desempenhos que impressionam e comovem. A série começa lenta (é um drama), mas logo ganha ritmo (também é uma trama de ação).

O título deixa no ar uma interrogação: o que se passa com as personagens é “assédio” ou “estupro”? De qualquer maneira, a produção tem ainda esse bom efeito: levanta perguntas importantes. Não perca.

 

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