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Um balanço de 'Deus salve o rei', que termina nesta segunda-feira

Patrícia Kogut

Romulo Estrela é Afonso em 'Deus salve o rei' (Foto: Reprodução)Romulo Estrela é Afonso em 'Deus salve o rei' (Foto: Reprodução)

 

"Deus salve o rei" estreou em janeiro mudando o tom da faixa das 19h da Globo, que antes apresentou "Pega pega", uma aventura realista. Daniel Adjafre oferecia um conto de fadas. A trama se desenrolaria num ambiente medieval, mas idealizado. As referências ao período eram mais de cunho estético do que propriamente históricas. Foi um convite para acompanhar uma fábula. Já no primeiro capítulo ficou claro que o maior perigo – o de um resultado tosco – tinha sido superado. A realização (direção artística de Fabrício Mamberti) foi, desde o início, impressionante. Falo da qualidade dos efeitos, dos figurinos, da cenografia etc. De imediato, uma dúvida se impôs: a produção sustentaria aquele apuro técnico pelo mar de capítulos que viria pela frente? Agora, perto do fim (o desfecho vai ao ar nesta segunda-feira, 30), já se sabe que a resposta é sim. Nenhum cenário desmoronou — nos sentidos literal e figurado — e a novela seguiu bonita, para ser apreciada. Porém, houve percalços e ajustes.

O primeiro impasse grave veio do texto. A ação, de saída, se dividia entre dois reinos rivais. Artena e Montemor eram vizinhos e mantinham relações econômicas que garantiam a paz. Até que a harmonia foi rompida e a tensão subiu. Contudo, o enredo não avançava, faltavam propósitos aos personagens. A dramaturgia empacou e se resumiu, por muito tempo, às futricas palacianas. Uma alternância mal resolvida entre a comédia e o drama também atrapalhava a fluência do enredo. Algumas interpretações incomodaram: Bruna Marquezine (Catarina), empostada, foi o maior alvo de (justas) queixas do público. Mas não aconteceu só isso: os sussurros se generalizavam, irritantes.

Com o andamento da trama, quase tudo se corrigiu (com exceção dos cochichos). Ricardo Linhares foi chamado para ajudar com o texto, e ajudou. A história finalmente avançou. Ela chega ao fim mobilizando. O casal principal, Amália (Marina Ruy Barbosa) e Afonso (Romulo Estrela), ganhou o coração dos espectadores. Talentosos e donos de uma parceria afinada, eles iluminaram a produção. Tatá Werneck, Johnny Massaro, Ricardo Pereira, Marco Nanini e outros brilharam. E a chegada de Alexandre Borges (Otávio) enriqueceu a novela. Caio Blat não recebeu um papel à sua altura, uma pena. Porém, no geral, o elenco teve boas oportunidades. 

Os ajustes se provaram necessários. Eles serviram para recuperar a atenção do público. “Deus salve o rei” será lembrada como uma novela caprichada que testou novos limites de produção na Globo e venceu.

 

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