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Séries que já fizeram a alegria do público, mas perderam a graça

Patrícia Kogut

Andrew Lincoln em 'The Walking Dead' (Foto: Gene Page/AMC)Andrew Lincoln em 'The Walking Dead' (Foto: Gene Page/AMC)

 

Os seriemaníacos conhecem, de cadeira, um significado bem específico do verbo “desapegar”. Ele se ajusta com perfeição àquele momento em que, depois de muito insistir, o espectador finalmente admite que é a hora de abandonar alguma história. Me sinto assim quase lá com “Designated survivor” e com “The walking dead” (as duas exibidas na Fox). Acredito que ambas tenham avinagrado, faz algum tempo. Agora, é uma questão de desapegar — e não é fácil.

De “Designated survivor” não se espera muito. A adorável canastrice de Kiefer Sutherland já faz a festa de quem acompanhou o ator em “24 horas”. Agora, ele vive Tom Kirkman, funcionário do governo alçado ao posto de presidente por acaso, depois da explosão do Capitólio e da morte de toda a classe política no poder. A série tem ação e atores medianos e corre no limite da inverossimilhança. Mas distrai. A cada episódio, Kirkman enfrenta uma situação difícil e invariavelmente se sai bem. Por trás de tudo, havia uma grande conspiração, obra de terroristas. Era esse conflito maior que abraçava todo o enredo. Na segunda temporada, ele foi reduzido a um drama familiar.

“The walking dead” também anda perdendo a força. Da sétima temporada para cá, truques baratos se repetem, tornando a ação previsível. O espectador cansa de ver seus heróis sendo salvos pelo gongo de situações impossíveis. Além disso, velhas discussões morais superadas no enredo voltaram à baila. Personagens que já foram vistos atirando ferozmente contra o inimigo passaram a viver dilemas de consciência. Isso comprometeu a credibilidade da trama.

O público, em geral com o tempo apertado, é obrigado a fazer escolhas. É pena.

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