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Série de documentários visita os túneis que ligam Gaza a vizinhos

Patrícia Kogut

Dina Amer (Foto: Reprodução)Dina Amer (Foto: Reprodução)

Se a ordem econômica oficial é muitas vezes difícil de entender, imagina as transações clandestinas. A série “Black market dispatches” trata disso. A produção do canal americano Vice investiga a informalidade, os subterrâneos, o comércio que não ousa dizer seu nome, digamos assim. Na mira dos repórteres estão os túneis subterrâneos no Oriente Médio, a dark web e os traficantes da Venezuela. Assisti aos programas feitos na Faixa de Gaza (estão no YouTube) e recomendo vivamente.

Em “Black market dispatches: The tunnels of Gaza”, acompanhamos o trabalho da jornalista cairota Dina Amer. Ela vai à cidade palestina de Rafah. Lá, aguarda uma autorização do Hamas — que tem o poder na região desde 2006 — para atravessar um dos túneis que levam ao Egito. Como se sabe, por essas passagens chega de tudo: remédios, cigarros, comida, vestimenta e até animais. Passam armas também. Os produtos são comercializados em mercados de rua com uma sobretaxa de 500%.

Além do árabe nativo, Dina fala um inglês perfeito, o que a ajuda em sua tarefa. Depois de conquistar a confiança das autoridades locais, ela obtém o sinal verde e desce a 30 metros de profundidade, pendurada numa engenhoca. A atividade é perigosa e feita às ocultas. Mas ainda assim, aos olhos do espectador, parece bem aparelhada. Há até eletricidade lá embaixo. Dina entrevista pessoas que trabalham nesse comércio e ganham US$ 10 por dia, arriscando a vida. Ela conversa também com os barões do negócio, janta numa casa palestina de classe média e conversa com feirantes. O painel que apresenta é amplo.

Prepare seu coração, “Black market dispatches” é para os fortes. Os episódios têm pouco mais de 20 minutos, mas ficam ecoando por muito tempo.

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