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A reestreia de ‘American crime’, série aclamada

Patrícia Kogut

Cena de American crime (Foto: Divulgação)Cena de American crime (Foto: Divulgação)

Na primeira temporada de “American crime”, Felicity Huffman era a amarga Barbara. Abandonada pelo marido com duas crianças numa área pobre de Modesto, na Califórnia, ela cumpriu sua tarefa de mãe sozinha. Mas azedou para sempre. Quando Huss (Timothy Hutton) volta, anos depois, atendendo a um chamado da polícia que comunica a morte de um dos filhos, Barbara se mostra um poço de rancor. Precocemente envelhecida, enfeiada, incapaz de uma boa palavra, ela parece estar em sintonia com a área desértica da Califórnia onde vive. Acompanhamos uma trama pesada que trata de racismo, de miséria humana, de fricção social. A produção teve merecido sucesso de público e crítica e foi indicada ao Emmy. A segunda temporada acaba de ser lançada nos Estados Unidos (está no iTunes) e o AXN garante a estreia aqui em 2016.

Criação de John Ridley, vencedor do Oscar por “12 anos de escravidão”, essa é uma série de antologia. Em outras palavras, as temporadas são independentes, embora tenham conexões. Neste caso, o elenco principal se manteve, mas em novos personagens e num enredo zerado. Agora, a ação se passa em Indianápolis, no Indiana. Felicity é Leslie Graham, diretora de uma escola onde Hutton atua como treinador de basquete. Um dos alunos é Taylor (Connor Jessup, em comovente interpretação), um menino pobre. Sua mãe se esforça para mantê-lo no ensino privado. Mas ele é perseguido pelo grupo de atletas da turma, que o chama de W.T. (white trash, denominação para “branco pobre”). Até que é estuprado por eles numa festa. Testosterona, frustração, bullying e desespero para ser aceito são alguns dos principais elementos do caldo desse enredo. A câmera vai nos pequenos gestos, respira no ambiente estudantil. “American crime”, de novo, tem muito sofrimento.

A fronteira em questão agora é a que separa a classe média da pobreza. O desajuste, a busca por justiça e a hipocrisia do sistema educacional estão em jogo. O ambiente é o colegial, mas as temáticas são adultas, tocantes, tratadas sem barateamento do drama. Merece a sua atenção.

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