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Por Nayara Figueiredo — São Paulo

Investidores que aplicam recursos em ações de BRF e JBS receberam com otimismo a notícia de que a escalada de tensões entre China e União Europeia (UE) nos últimos dias pode abrir espaço para aumento das vendas de carne suína do Brasil ao mercado chinês. As duas empresas lideram as exportações de carne suína brasileira, e suas ações ficaram entre as maiores altas do Ibovespa na sessão de terça-feira (18/6).


Os papéis ON da BRF subiram 5,50% na B3, para R$ 19,19 por ação. No caso da JBS, controladora da Seara, a alta foi de 3,84%, para R$ 28,90 por ação.

A China iniciou nesta semana uma investigação antidumping sobre as importações de carne suína europeia, sua maior fornecedora no segmento.

Neste ano, até agora, as exportações de carne suína brasileira para os chineses vêm caindo. Mas caso os embarques da União Europeia ao país asiático sejam afetados, o produto do Brasil será uma das alternativas para preencher a eventual lacuna no mercado chinês, segundo analistas.

O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, acredita que a valorização das ações de JBS e BRF na bolsa teve ligação direta com a possibilidade de aumento das exportações de carne suína à China. “Sim, pode melhorar o embarque da proteína do Brasil, mais da metade dos suínos que chegam à China vem da Europa”, afirmou.

De acordo com Cruz, a investigação antidumping parece ser uma resposta ao aumento de impostos aplicado pelos europeus sobre carros elétricos chineses, ocorrido há menos de uma semana. “A China, inclusive, fala em colocar tarifas sobre carros europeus”, acrescentou, citando os conflitos comerciais instalados entre o país e o bloco europeu.

A medida adotada pelos chineses afeta principalmente os fornecedores de carne suína da Espanha, Holanda, Dinamarca, Alemanha e Bélgica. A Espanha é o maior exportador da proteína ao mercado chinês. A China, por sua vez, é a maior produtora global de suínos, mas ainda assim compra volumes relevantes no mercado internacional.

Uma fonte do setor disse à reportagem que a tendência é de que o espaço que pode se abrir no mercado chinês seja ocupado por países exportadores, como Brasil, Estados Unidos e até mesmo o Chile e outros países sul-americanos, e é pouco provável que a produção local consiga atender essa nova demanda.

A China é o principal importador de carne suína do Brasil e foi destino de 111,4 mil toneladas do produto brasileiro entre janeiro e maio de 2024. Esse número é 36,7% menor do que o total embarcado no mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Nesse novo cenário, essa fonte acredita que seria possível recuperar parte dos volumes que deixaram de ser enviados pelo Brasil.

Do ponto de vista das empresas, BRF, Seara (da JBS) e cooperativa Aurora Alimentos são as três maiores exportadoras da proteína suína brasileira. Neste ano, as companhias ainda contam com margens melhores em função da queda nos preços dos insumos usados na ração animal, milho e farelo de soja. Com a desaceleração no apetite chinês, as indústrias vinham apostando em outros compradores externos.

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