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Por Lia Kubelka — Florianópolis

Início de ano sempre é época de estabelecermos as metas que gostaríamos de atingir ao longo do ano, e com a atividade física não é diferente. Mas algumas pessoas acabam deixando o exercício como a última prioridade do dia. A atividade física é considerada cada vez mais como um aspecto fundamental para a manutenção da saúde e o bem-estar geral. O exercício constante gera energia e produtividade para quem pratica, mas muitas vezes, na correria da rotina, ele acaba ficando em segundo plano, quando deveria ser a primeira atividade do dia.

Existem muitos fatores que influenciam nessa dificuldade inicial, mas algumas pesquisas indicam que a genética também pode ter uma influência nessa falta de motivação. Ao se exercitar, principalmente na parte da manhã, um fator muito importante é liberado pelo organismo, o BDNF. Essa molécula é conhecida como estimuladora da neurogênese (formação de novos neurônios) e por aumentar a capacidade cognitiva. O exercício então potencializa a atividade cerebral.

Pessoas com alteração no gene que produz o BDNF são mais motivadas a se exercitarem — Foto: Getty Images

Existem algumas pessoas que possuem uma alteração no gene que produz o BDNF. Essas pessoas acabam tendo uma produção menor de BDNF, o que deve se traduzir em diminuição das vantagens cognitivas. Mas a natureza nos forneceu uma solução adaptativa para esse problema, e justamente os indivíduos que possuem essa alteração em contrapartida são mais motivados a se exercitarem.

Essas pessoas respondem de maneira mais positiva ao exercício e não acham tão cansativo. São impulsionados internamente a exercitar-se com mais frequência e também são mais propensos a continuarem se exercitando mesmo quando oferecidos com a opção de parar. Então, basicamente, o cérebro se adapta para compensar essa redução hereditária do BDNF, motivando a pessoa a ser fisicamente ativa, aumentando a produção de BDNF através do exercício.

Outro aspecto genético que também influencia na motivação ao exercício é a recuperação muscular. Existe uma variante genética no gene AMPD que está associada a uma fadiga muscular mais intensa. As pessoas que possuem essa alteração sentem muita dificuldade de se exercitar e possuem uma maior predisposição a câibras.

O exercício é um aspecto fundamental da rotina, mas existem sempre as individualidades, por isso é importante selecionar um esporte que desperte o interesse e aumente a motivação de se manter sempre ativo.

Referências:

Sheikhzadeh F et. al., Hippocampal BDNF content in response to short- and long-term exercise. Neurol Sci. 2015 Jul;36(7):1163-6. doi: 10.1007/s10072-015- 2208-z.

Lemos JR Jr et al., Peripheral vascular reactivity and serum BDNF responses to aerobic training are impaired by the BDNF Val66Met polymorphism. Physiol Genomics. 2016 Feb;48(2):116-23.

*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

Mestre em biotecnologia e doutora em biologia celular e do desenvolvimento com habilitação em genética molecular humana pela UFSC. É membro da American Society of Human Genetics e do Institute for Functional Medicine. Hoje é diretora técnica do Biogenetika, centro de medicina individualizada — Foto: EuAtleta

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