A saída do hipismo é o ponto de partida para uma reformulação geral tida como crucial pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para que o pentatlo siga no programa olímpico. A entidade quer um esporte mais atrativo, principalmente para o público jovem, e com custos menores.

Com a necessidade de apresentar o novo projeto do esporte em um ano, a comissão de atletas iniciou as discussões oficialmente na última quarta-feira para ouvir ideias e opiniões sobre potenciais substitutos e recebeu sugestões bem diversificadas. Os principais exemplos compartilhados pela comissão em uma postagem no Instagram foram:

- ciclismo (motor cross, mountain bike e elétrico)
- híbrido de triatlo (transformação que também excluiria a esgrima)
- corrida de drone
- patinação
- circuito de obstáculos (na água e/ou na terra)
- 3.000m com obstáculos
- luta de travesseiros
- corrida com barreiras

As sugestões levaram a questionamentos sobre acessibilidade global para treino e competição, risco de lesões, o direcionamento que a inclusão da nova disciplina dará ao esporte e qual o critério mais importante: longevidade ou apelo para o público jovem.

Nos comentários da postagem as manifestações foram majoritariamente críticas, com usuários classificando as sugestões como “piada” e insistindo que a retirada do hipismo do pentatlo não faz sentido.

- É sério??? Algumas destas têm que ser piada. Pentatlo sem hipismo não é pentatlo. É um esporte diferente. Tirar o hipismo é a morte do pentatlo. Pentatlo é o único esporte que torna o hipismo acessível para pessoas que não têm um cavalo. Acessibilidade – escreveu um dos usuários.

O campeão olímpico em Tóquio no masculino, Joe Choong, engrossou o coro em uma segunda postagem.

- O que vocês estão fazendo para representar a maioria dos atletas do pentatlo, que quer a manutenção do hipismo?

A luta de travesseiros, alvo das principais críticas, estreará no pay-per-view nos Estados Unidos neste semana com a transmissão do Campeonato de Luta de Travesseiro (PFC), evento que reúne essencialmente boxeadores amadores e atletas de MMA numa disputa de três rounds. O organizador do campeonato o defende.

- Não é algo que você senta lá e vê penas voando. É sério, é uma luta dura com travesseiros especializados - disse Steve Williams à agência Reuters.

Em dezembro do ano passado, o COI pôs em xeque a presença de boxe, levantamento de peso e pentatlo no programa olímpico dos Jogos de Los Angeles 2028. Se para as Olimpíadas de Paris a presença no momento é garantida, para a edição seguinte dos Jogos as três federações internacionais responsáveis terão que se adequar a novas realidades para seguir no evento.

No caso do pentatlo, a avaliação do COI é que é necessária uma mudança do formato de competição para torná-lo mais atraente, seguro, acessível e com custo reduzido. No momento há uma certeza: o hipismo não será mais aceito em qualquer proposta feita pela UIPM (federação internacional), e um novo quinto esporte deverá ser adotado.

- Temos que ver a quinta disciplina para aumentar a acessibilidade mundialmente. Esse processo está em estudo, deverá ser finalizado no ano que vem. Será preciso reduzir o custo da operação. Só sabemos que qualquer proposta apresentada não contará com o hipismo. É possível que haja uma decisão em 2023 e aí será avaliado. Eles têm um entendimento claro do que precisa ser feito – disse o diretor esportivo do COI, Kit McConnell.

O pentatlo recebeu duras críticas nos Jogos de Tóquio devido a pelo menos dois flagrantes de maus tratos de animais. Mas a decisão do COI de eliminar o hipismo do pentatlo não tem a ver exatamente com uma preocupação com os animais, uma vez que o hipismo em si (adestramento, CCE e saltos) seguirá no programa: “É um esporte estabelecido no mundo e não vamos mudar nossa atitude sobre ele”, disse Bach.