TIMES

Por Henrique Arcoverde e Lorena Dillon — Rio de Janeiro


Uma representante do sertão pernambucano mudou para sempre um esporte sem tradição no Brasil. Yane Marques fez do último dia das Olimpíadas de Londres, em 2012, um novo capítulo na história do esporte ao conquistar a inédita medalha de bronze no pentatlo moderno.

Yane Marques durante a prova de tiro do pentatlo moderno em Londres 2012 — Foto: Alex Livesey/Getty Images

No episódio da série "Minha Medalha", Yane relembrou as estratégias para conseguir somar o maior número de pontos nas cincos provas e chegar na rodada final com reais chances de subir ao pódio. Com histórico de bons resultados em mundiais, a jovem de Afogados da Jangazeira tinha a certeza que naqueles jogos poderia se tornar a primeira do país a trazer uma medalha num esporte ainda dominado pelos homens.

Minha Medalha: Yane Marques foi a primeira brasileira a ganhar medalha no pentatlo

Minha Medalha: Yane Marques foi a primeira brasileira a ganhar medalha no pentatlo

- As pessoas perguntam “Qual a sensação? Qual a sensação de ganhar uma medalha olímpica?”. Não dá pra você descrever, você tem que viver. Não dá pra você descrever em palavras. Não dá pra tentar reproduzir em você a sensação de ser medalhista olímpica sem ser. É a mesma coisa de mãe - contou Yane durante entrevista.

Apenas nas Olimpíadas de Sidney, em 2000, as mulheres puderam competir no pentatlo, modalidade presente nos Jogos desde 1912. Cem anos depois, uma brasileira escreveria seu nome.

- Hoje as pessoas não me param mais na rua pra dizer “Ah, você é aquela menina que faz… Como é? Aquele esporte que é um monte de prova”. Não. Hoje as pessoas param e falam “Pô, que legal, você faz aquele esporte que corre, que nada, que joga esgrima, que monta a cavalo, aquele esporte bem…” Sim, as pessoas passaram a conhecer o pentatlo. Era uma modalidade que não era conhecida no Brasil. Isso é fato - concluiu.

Yane Marques no pódio em Londres 2012 — Foto: Alex Livesey/Getty Images

Leia abaixo o depoimento da primeira e única medalhista brasileira no pentatlo moderno, bronze nas Olimpíadas de Londres, em 2012:

O sucesso na prova de Londres foi conseguir executar o plano que eu tinha para cada atleta, e esse plano deu muito certo. Em Londres, eu era uma das pessoas com chances reais de subir no pódio, assim como pelo menos outras 15 ou 18 ou 20 atletas. Na prova tudo pode acontecer. Já assisti olimpíada em que a pessoa estava em primeiro lugar, no cavalo vai supermal e vai para a última posição. Então assim, é uma incógnita, muitas atletas com chance. Foi o último dia da olimpíada, dia dos pais, última medalha. Muita gente já fazendo balanço de quadro de medalhas e aí eu chego para atrapalhar tudo e boto mais uma medalha ali. Mas foi um dia assim… inesquecível. Inesquecível. Aconteceu exatamente da forma que eu sonhava que podia acontecer.

Chegar nessa maturidade de conseguir ter essa cabeça muito preparada, a pressão de largar no zero junto com a atual número 1 do mundo, e atrás de você uma menina que tinha acabado de ser tricampeã mundial, 2 ou 3 segundos atrás, sabe? Tinha que estar muito forte psicologicamente. Fisicamente, eu sabia que eu estava preparada. Então agora era a cabecinha suportar a pressão e fazer de verdade o que eu estava fazendo no treino. Eu estava muito bem, estava treinando superbem. Eu sou uma atleta que tenha uma vantagem, eu não me lesionava muito. Eu fazia um trabalho de prevenção de lesão muito forte, e isso me segurou super bem pra chegar em Londres no auge da minha forma física, bem fisicamente, bem psicologicamente, pra poder realizar o meu sonho.

É engraçado que a minha medalha olímpica, ela veio, sem eu ganhar nenhuma prova das 5 modalidades. Minha melhor classificação foi um sexto lugar na esgrima e sexto lugar na natação. O que prova que no pentatlo, você precisa ser constante, estar bem, ali numa média, mas não necessariamente ser melhor numa prova, porque isso naturalmente acontece que você vai ser ruim em outra. Tem que ser razoável em tudo.

yane marques, pentatlo moderno, hipismo — Foto: REUTERS/Edgard Garrido

Normalmente não acompanho a minha pontuação em classificação durante o dia. Eu faço o que eu tenho que fazer naquela prova, aí desliga a chave da esgrima, liga a chave da natação, desliga a chave da natação, liga a chave do hipismo e assim eu vou vivendo prova por prova. Quando chegou a hora de fazer a fila pra largada do combinado na olimpíada, uma menina da organização começou a chamar da trigésima sexta até a primeira, pra pegar um número colocar no peito, e aí foi 36, 35, 34, falou o 20, e na 15, e na 10, 8, 6, 5, e ela não chamava meu nome. Eu falei “meu Deus, ou ela me esqueceu ou eu estou muito bem”. E graças a Deus, eu tava muito bem. Eu estava largando em segundo empatada com a primeira, largamos iguais no zero. A minha vitória era não sair do pódio. Era o meu objetivo ali.

Eu realizei um sonho que era meu, um sonho que era dos meus técnicos, um sonho que era da minha família, da minha mãe, dos meus amigos, né? Depois que passa, você sente como você estava carregando tanta gente com você. E essa energia dessas pessoas, me conduziu até o pódio.

-

Veja também

Mais do ge

Campeão do torneio na Letônia garante vaga para as Olimpíadas de Paris 2024; estreia brasileira será nesta terça

Seleção brasileira de basquete é convocada para o Pré-Olímpico de Riga - Programa: ge.globo

Alice Gomes e Gabriel Sousa serão os reservas da equipe brasileira

Camilla e Rayan vão representar o Brasil na ginástica de trampolim em Paris

Campeã em Tóquio 2020, Sunisa Lee agradece a iniciativa: "Obrigada Deus por Beacon"

Ginástica dos EUA adota uso de cãoterapia durante seletiva olímpica   - Programa: Hora 1

Primeiro campeão olímpico brasileiro do surfe é o nono personagem do quadro "Minha Medalha", do Esporte Espetacular

Italo Ferreira relembra ouro olímpico na estreia do surfe em Tóquio: "Até hoje não caiu a ficha" - Programa: Esporte Espetacular

Polônia e Eslovênia brigam pela terceira colocação na competição

França enfrenta Japão pela decisão da Liga das Nações masculina de vôlei

Equipe brasileira de hipismo é convocada para os Jogos Olímpicos de Paris em três modalidades: salto, completa e adestramento

Hipismo anuncia equipe, e Pessoa vai às Olimpíadas pela 8º vez - Programa: ge.globo

Fãs desaprovaram cores e formato do lançamento das vestimentas, com uso de manequins

Uniformes olímpicos da Malásia serão reformulados após críticas na internet

Dono de duas medalhas olímpicas no salto com vara, Thiago Braz falha nas três tentativas para 5,82m; atleta disputou o Troféu Brasil com liminar após ser suspenso por doping

Thiago Braz não consegue índice e está fora das Olimpíadas de Paris - Programa: Jogos Olímpicos

Inspirada pela jogadora, Tifany Robert registrou em sua nova identidade toda a sua admiração: "A Tifanny me trouxe uma força de resiliência"

Professora de vôlei de praia homenageia Tifanny adotando seu nome após a transição

Astro do Dallas Mavericks foi o nome da partida na vitória por 86 a 80, mas Bruno Caboclo também fez bonito e marcou 19 pontos no jogo

Brasil perde para a Eslovênia de Doncic em amistoso antes do Pré-Olímpico