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Por Marcel Merguizo — São Paulo


Hip-hop no Carnaval? Breaking nas Olimpíadas? Combinações improváveis, sim, mas que já criam grandes expectativas no público e se tornarão realidade em 2024. Em São Paulo, o Vai-Vai abre os desfiles da segunda noite de Carnaval, no sábado, com o samba-enredo: "Capítulo 4, versículo 3 – Da rua e do povo, o hip hop: um manifesto paulistano". Em Paris, nos dias 9 e 10 de agosto, o breaking estreia nos Jogos Olímpicos com 16 b-boys e 16 b-girls se enfrentando em duelos solo.

B-girl Thaisinha durante o ensaio técnico da escola de samba Vai-Vai, no Carnaval de São Paulo — Foto: Arquivo pessoal

No chão do Sambódromo do Anhembi assim como no chão da Praça da Concórdia parisiense, atletas que são dançarinos --ou vice-versa-- prometem um belo espetáculo. E se não teve a chance de estar apresentando sua arte nas ruas da capital francesa neste ano, a b-girl Thaisinha vai poder fazê-lo pela primeira vez na avenida do samba na capital paulista.

Thaisinha, atleta brasileira de destaque nos últimos anos, é uma das componentes da comissão de frente do Vai-Vai, maior campeão do Carnaval paulistano, com 15 títulos. A escola ainda vai trazer uma ala toda dedicada ao breaking, mas é logo na primeira alegoria que o agora esporte olímpico promete brilhar.

- Minha primeira vez na avenida, como comissão de frente e com homenagem à minha cultura. Vou ficar muito emocionada - diz Thaisinha.

B-girls Thaisinha no ensaio da comissão de frente da escola de samba Vai-Vai, em São Paulo

B-girls Thaisinha no ensaio da comissão de frente da escola de samba Vai-Vai, em São Paulo

Nos últimos anos, por ser uma das b-girls mais experientes do Brasil, Thaisinha deixou as competições um pouco de lado para ser jurada nos eventos e também comentarista de breaking na TV Globo e no Sportv. Ano passado ela ainda participou da principal competição e terminou na nona colocação.

A seleção brasileira é formada por três b-girls e três b-boys. No entanto, na corrida olímpica, apenas o b-boy Leony mantém chances reais de ser o primeiro representante brasileiro na estreia olímpica do breaking. Atualmente ele é o 33º do ranking olímpico. A melhor brasileira é a Mini Japa, em 46º no mundo.

- Eu já danço há 20 anos, já participei de muitas competições, mas infelizmente não tínhamos seleção brasileira até o ano passado. Nisso, quando me convidaram pra ser comentarista, eu nem investi em estar na seleção e não participei das competições - explica Thaisinha.

Parte da comissão de frente do Vai-Vai, no ensaio técnico das escolas de samba no Anhembi — Foto: Arquivo pessoal

O Vai-Vai neste ano traz um enredo sobre o hip-hop, e vai homenagear os quatro elementos da cultura: o breaking, o DJ, o grafite e o rap. A comissão de frente tem cerca de 30 integrantes, sendo seis b-boys --entre eles Pelezinho, que já foi um dos melhores do mundo-- e duas b-girls. Eles saem do primeiro carro alegórico, como se fosse o metrô São Bento, e fazem a intervenção no chão, como se fosse uma batalha de breaking.

A escola conta a trajetória do hip-hop e a comissão de frente conta a da dança, desde Nelson Triunfo, atuando na rua, passando pelos anos 80, com as crews da Barra Funda e da Bela Vista, depois até a atualidade, com o breaking se tornando esporte olímpico.

- Ter o breaking na avenida vai ser histórico - conclui Thaisinha.

Como diz o samba do Vai-Vai, um "grande triunfo do movimento", no Carnaval e nas Olimpíadas.

Blog Olímpico Marcel Merguizo — Foto: Reprodução

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