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Por Rafael Lopes

Comentarista de automobilismo do Grupo Globo

Voando Baixo — Rio de Janeiro

Arquivo pessoal

Vou começar o domingo do GP do Canadá aqui no Voando Baixo com a história que um grande amigo está vivendo em Montreal neste fim de semana. O automobilismo me trouxe a oportunidade de conhecer muita gente legal. É o caso do André Cardoso, que tem 37 anos. A gente se conheceu quando ele trabalhava no Grupo Globo, há alguns anos, justamente pela afinidade com a velocidade. Todas as vezes em que nos encontrávamos, batíamos longos papos. E acabei sabendo do talento dele em vencer bolões. Ele ganhou duas vezes a competição oficial da Fórmula 1 e, com isso, viajou para duas corridas da categoria (China-2019, o 1.000 GP, e Brasil-2022). Neste ano, ele me disse que conseguiu o terceiro prêmio da categoria e que tinha escolhido o GP do Canada, em Montreal, desta vez.

André, a esposa Cintia Rocha e o filho José, de três anos, embarcaram para Montreal para um fim de semana que se tornaria inesquecível. Fã de Lewis Hamilton, o garoto já assiste às corridas junto com o pai e realizaria o sonho de entrar em um paddock da F1. Tudo deu certo, mesmo em uma sexta-feira que teve até chuva de granizo na cidade canadense. Aliás, deu mais certo do que a família poderia imaginar. Mas vou deixar o próprio André contar a história aqui no blog. Pedi a ele um relato do dia emocionante que eles viveram e do impacto - e da representatividade - que um ídolo pode ter na vida de uma criança. Leiam abaixo!

André, Cintia e o pequeno José em frente aos boxes da RBR no Circuit Gilles Villeneuve — Foto: Arquivo pessoal

"Estamos vivendo dias incríveis neste fim de semana aqui em Montreal! Estar com meu filho de três anos no paddock da Fórmula 1 está sendo memorável e remeteu à minha infância, quando me encantei por este esporte.

Sou um apaixonado fã de Fórmula 1 há mais de 30 anos. Esse esporte faz parte da minha vida. Como todo brasileiro, meu primeiro contato com ela foi através do ídolo Ayrton Senna, que embalava as nossas manhãs de domingo. Aos seis anos, após o trauma da morte de Senna, passei a acompanhar menos as corridas e as manhãs de domingo já não eram mais as mesmas. Depois desse hiato, voltei a seguir o esporte com mais afinco no fim dos anos 1990, impulsionado pela genialidade de Michael Schumacher. Paixão mantida pelo surgimento de outros gênios como Fernando Alonso e Lewis Hamilton.

O pequeno José encontrou com Oliver Bearman, da Ferrari, e com Kevin Magnussen, da Haas — Foto: Arquivo pessoal

A Fórmula 1 já me proporcionou experiências incríveis e posso dizer que sou um fã privilegiado. Em 2019, pude ir à China assistir in loco - e com acesso ao paddock - à corrida 1.000 da história da categoria, após vencer uma competição oficial global entre os fãs do esporte. Repeti a dose em 2022, dessa vez em Interlagos. Em 2023, venci o bolão oficial da F1 e dessa vez escolhi vir para o Canadá. Sempre com acesso VIP ao paddock e vivendo a experiência incrível de encontrar os pilotos e as equipes. Após ter vivido tudo isso, posso dizer que neste fim de semana tive o ápice desta paixão.

VOANDO BAIXO: o encontro de Lewis Hamilton com um pequeno fã em Montreal

VOANDO BAIXO: o encontro de Lewis Hamilton com um pequeno fã em Montreal

José se tornou um fã do esporte, já acompanha as corridas comigo e conhece todos os pilotos e as equipes. Levar essa paixão adiante é um legado passado de pai para filho. Desde que começou a seguir a F1, José se identificou com Lewis Hamilton. "Olha pai, tem um piloto preto igual a mim", disse ele na primeira vez que viu o britânico no pódio. Quando falamos que viríamos para a corrida, ele pediu para fazer o penteado igual ao do ídolo e que comprássemos uma camisa da Mercedes com o número 44. José tem 3 anos e trabalhamos a questão racial de maneira suave com ele. Sabemos dos desafios que terá adiante, mas tudo tem seu tempo.

O pequeno José ganhou mimos da Mercedes e também da McLaren em Montreal — Foto: Arquivo pessoal

Lewis Hamilton é muito mais do que um piloto ou um ídolo. O maior campeão da história da categoria quebrou paradigmas num esporte tradicionalmente branco e de elite, sendo o primeiro piloto negro a vencer corridas e campeonatos. Poder proporcionar este encontro significa muito para nós. Trazer para a vida do José um ídolo como Hamilton é uma grande alegria.

José foi sucesso absoluto por onde passou no circuito. O "Mini Hamilton" atraiu a atenção dos espectadores, das TV internacionais e também das equipes. Foi presenteado com bonés autografados da McLaren e da Mercedes, além de outros mimos. A paixão do pequeno José pela Fórmula 1 cresce a cada dia. O pai aqui fica orgulhoso e feliz de saber que agora tenho um parceirinho para me acompanhar nessa jornada."

No colo do pai André, o pequeno José admira o ídolo Lewis Hamilton no paddock do GP do Canadá — Foto: Arquivo pessoal

O pequeno José com os bonés que ganhou de Mercedes e McLaren; e com o safety car em Montreal — Foto: Arquivo pessoal

O pequeno José com o pai André no pit lane de Montreal e com o carro do ídolo Lewis Hamilton ao fundo — Foto: Arquivo pessoal

NA PONTA DOS DEDOS: Rafael Lopes e Luciano Burti fazem a prévia do GP do Canadá

NA PONTA DOS DEDOS: Rafael Lopes e Luciano Burti fazem a prévia do GP do Canadá

Perfil Rafael Lopes — Foto: Editoria de Arte/GloboEsporte.com

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