Cada vez mais usado pelos atletas, frequencímetro não detecta arritmia 

Pesquisa observa arritmias em atletas com corações saudáveis, o que não é fator prognóstico negativo e nem motivo para o cardiologista recomendar suspender as atividades físicas

Por Nabil Ghorayeb — São Paulo


Os frequencímetros ou monitores de frequência cardíaca (MFC) são muito usados por atletas de provas de resistência (corredores de longas distâncias, ciclistas e triatletas, por exemplo) como ferramenta indispensável no treinamento técnico, feito sempre no intervalo de determinada frequência cardíaca. Milhares de esportistas também usam os MFC para seu treinamento e para controle dos limites dos batimentos cardíacos.

As ocorrências de grandes e inesperados aumentos nos valores medidos da frequência cardíaca pelo frequencímetro durante um treino ou prova causam preocupação nos usuários. E até mesmo nos médicos procurados para uma consulta posterior, pois os consideravam ser uma importante arritmia cardíaca. Uma recente e inédita pesquisa feita na Polônia estudou esse achado preocupante, de possível arritmia registrada pelos frequencímetros.

De início, o estudo levantou a hipótese de que os registros dos monitores durante um treinamento, interpretados como arritmia pelos atletas, seriam provavelmente artefatos ou defeitos de registros. Os MFC não são isentos de artefatos e, porém na ausência deles, são ferramentas valiosas para controlar a intensidade de um treinamento.

Corredora usando um relogócio com GPS e frequencímetro — Foto: Divulgação

Quanto aos aspectos cardiológicos desses aparelhos tão em voga, eles não distinguem o tipo de arritmia. Porém, “se ocorrerem sintomas e queda do desempenho físico, com o aumento da frequência cardíaca”, é que se deve valorizar o evento e procurar seu médico para realizar uma investigação especializada completa.

Nessa pesquisa, foram observadas arritmias em atletas com corações saudáveis, o que não foi fator prognóstico negativo e nem foi motivo para o cardiologista recomendar suspender atividades esportivas. O treinamento de resistência não aumentou a mortalidade, mas pode desencadear arritmia fatal. Mesmo se for um cardíaco de grau leve e que não tenha feito nenhum programa de reabilitação cardiovascular.

Conclusão

Aqueles aumentos súbitos da frequência cardíaca registrados pelo MFC, mas, sem nenhum sintoma, é improvável que sejam arritmias cardíacas significativas. Elas são artefatos dos aparelhos que monitoram os batimentos cardíacos. As atividade físicas regulares feitas com orientação de um educador físico ou fisioterapeuta e, após avaliação médica competente, só trazem benefícios para a prevenção das doenças e na manutenção da saúde.

*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

Formado em medicina pela FM de Sorocaba PUC-SP, Doutor em Cardiologia pela FMUSP , Chefe da Seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia, Especialista por concurso em Cardiologia e Medicina do Esporte, Médico Sênior do Grupo Fleury Medicina e Saúde, Coordenador da Clínica CardioEsporte do HCor, CRM SP 15715 , Prêmio Jabuti de Literatura Ciência e Saúde. www.cardioesporte.com.br — Foto: EuAtleta