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Por Úrsula Neves, para o EU Atleta — Rio de Janeiro


A alimentação tem importante papel no controle da hipertensão arterial, enfermidade normalmente silenciosa e que pode provocar doenças cardiovasculares e insuficiência renal. Comidas ricas em sódio e gordura, ultraprocessados e bebidas alcoólicas estão entre os piores alimentos para a dieta de controle de pressão alta.

Piores alimentos para hipertensão

Piores alimentos para hipertensão

Por isso, a adoção de uma alimentação saudável, aliada a uma rotina de exercícios físicos e acompanhamento médico, colabora para o controle da pressão arterial, uma vez que o consumo elevado de sódio, gorduras e ultraprocessados é uma das maiores influências negativas para saúde.

Sódio é uma das principais influências negativas para ocorrência de pressão alta — Foto: iStock

O sódio pode ser considerado o maior vilão. Ele está presente no sal de cozinha, mas não só, como explica a endocrinologista Leticia Maria Alcantara Margallo.

— Quando pensamos em sódio, costumamos chamar atenção somente para o sal de cozinha adicionado no cozimento ou após o preparo. Porém, a principal fonte de sódio - muitas vezes - é negligenciada: os alimentos ultraprocessados — alerta a especialista.

Alimentos produzidos de forma industrial com sabores artificiais e conservantes contêm, na maioria das vezes, alto teor de sódio e impactam negativamente no controle da hipertensão. E não estamos falando somente de alimentos salgados, como macarrão instantâneo e tempero industrializado, mas também de biscoitos doces e salgados, sobremesas lácteas, embutidos de todos os tipos e realçadores de sabor, que são ricos em glutamato de sódio e ainda são capazes de aumentar o apetite — esclarece.

Ela lembra que, atualmente, o novo padrão de rótulos de produtos industrializados permite ver o alerta de "excesso de sódio", o que pode ajudar a escolher melhor o que se come no dia a dia.

Piores alimentos para pressão alta

  • Biscoitos, salgadinhos de pacote, macarrão instantâneo e chips de batata: são ricos em sódio e conservantes com efeitos diretos no aumento do apetite e da pressão arterial;
  • Enlatados como sardinhas em óleo, apresuntados e salsichas: são conservados em salmoura e cheios de sal, além de serem alimentos ricos em gorduras saturadas, que aumentam risco cardiovascular e favorecem o ganho de peso;
  • Conservas tipo picles e palmito, cogumelos, milho e ervilha em lata: podem ser conservados em salmoura com excesso de sal adicionado e, por isso, dificultam o controle da pressão;
  • Embutidos tipo salame, mortadela e presunto e carnes processadas/defumadas: são aditivos químicos na produção, incluindo nitritos e nitratos, como conservantes, que aumentam risco de doenças inflamatórias e do trato gastrointestinal, além de serem ricos em sal e, desse modo, em sódio;
  • Queijos com alto teor de gordura e sal como provolone, parmesão e gorgonzola: a adição de sal e o alto teor de gordura saturada desses alimentos aumentam o risco cardiovascular e podem piorar o controle da pressão arterial;
  • Carnes gordas e frituras em geral: são ricas em gordura saturada, o que aumentam o risco cardiovascular, de um processo inflamatório geral e favorecem o ganho de peso quando consumidas em excesso;
  • Alimentos ultraprocessados congelados como lasanha, pizza, nuggets e hambúrgueres: são ricos em conservantes e aditivos químicos que modulam a percepção de sabor, com o aumento do apetite e favorecem o ganho de peso, além de serem ricos em sódio;
  • Temperos prontos em cubos ou em pó, realçadores de sabor a base de glutamato de sódio, molho de soja, ketchup, molho inglês, sopa desidratada e amaciantes de carne: são ricos em sódio adicionado e pobres em nutriente e fibras, com alto impacto no controle da pressão arterial quando consumidos em excesso;
  • Bebidas alcoólicas: existe uma relação linear entre aumento de pressão e a ingestão de mais de 30g de álcool por dia, o equivalente a dois drinks ou 600 ml de cerveja em média;
  • Refrigerantes: são ricos em sódio e açúcar, nas versões comuns, e sódio e adoçante nas versões diets, com relação demonstrada de aumento de apetite, redução da ingestão de água pura, aumento de pressão arterial e favorecimento do ganho de peso.

— É essencial ressaltar que, embora exista o impacto direto entre o consumo diário de sódio e o controle de pressão de forma independente da hipertensão arterial, também existe uma relação direta entre o controle da pressão e o excesso de peso, sendo o tratamento para a obesidade uma forma de controle da pressão arterial. É importante destacar que a redução de apenas 10% do peso corporal pode, inclusive, reverter o quadro de hipertensão arterial — pontua a endocrinologista.

Quais os parâmetros para se definir pressão alta?

Pressão arterial pode ter variações sem sair dos níveis de normalidade, dependendo de cada pessoa, além de que pode ser normal haver flutuações ao longo do dia. O diagnóstico de pressão alta crônica depende de exames e avaliação médica.

Para certos, indivíduos ter pressão arterial abaixo de 12 por 8, como, por exemplo, 10 por 6, é normal. Já valores iguais ou superiores a 14 (máxima) e/ou 9 (mínima) são considerados hipertensão para todo mundo.

É essencial passar por consulta com cardiologista e realizar os exames periódicos anualmente, mesmo sem sintomas típicos da condição, como dores de cabeça e na nuca, tontura, palpitações, zumbido no ouvido, fraqueza ou cansaço.

— Existem algumas diretrizes de hipertensão arterial, que diferem nos valores de hipertensão e pré-hipertensão. Contudo, de uma forma geral, podemos considerar que o nível da pressão arterial deve ficar abaixo de 120x80mmhg. Para se classificar hipertensão, costumamos definir níveis maiores que 140x90mmg — explica o médico cardiologista Henrique Typaldo Caritatos Fontenelle.

Fontes:

Henrique Typaldo Caritatos Fontenelle (@dr.henrique_fontenelle) é médico cardiologista com residência pelo Instituto Nacional de Cardiologia (INC) e que atua na plataforma de telemedicina Conexa.

Leticia Maria Alcantara Margallo (@draleticiamargallo) é médica endocrinologista com residência em Endocrinologia, Nutrologia e Metabologia pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e que atua na plataforma de telemedicina Conexa. É idealizadora do Fique Leve, programa de tratamento para obesidade.

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