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Por Renata Domingues — Rio de Janeiro

O esporte sempre fez parte da vida de Ana Paula Urtiaga. Mas essa relação nem sempre foi positiva. Atleta da seleção de nado sincronizado durante muitos anos, ela se viu tomada pelo excesso de treinos e as cobranças pelo físico perfeito e acabou desenvolvendo bulimia. Foi nessa época que, então com 27 anos, sofreu um acidente que mudaria de vez a vida dela e sua percepção da importância da atividade física.

Atropelada enquanto andava de bicicleta na Avenida Niemeyer, no Rio de Janeiro, a carioca ficou um mês em coma. Na volta, foram nove cirurgias para restaurar a parte óssea e os tendões da perna esquerda. Mas a maior operação mesmo aconteceu em sua alma, como ela faz questão de frisar. Foi no hospital que ela conseguiu se reequilibrar, não só física, mas também mentalmente, e descobriu que com isso poderia ajudar outras pessoas, atletas como ela, ou não.

Ana Paula defendeu a seleção brasileira de nado sincronizado por muitos anos — Foto: Arquivo pessoal

- Não estava bem e acabei sofrendo o acidente. Comecei a ter essa percepção no coma. Depois eu ficava escrevendo no hospital tudo o que estava acontecendo. E três anos depois das cirurgias fui para os Estados Unidos. Lá comecei a fazer estudos sobre evolução humana. Fui fazendo formações até chegar ao reiki, que não é religião, é a fonte que mostra o que você precisa para se reestruturar e se reequilibrar. Estudei acupuntura também. Tudo com o mesmo objetivo, o de levar uma semente para que aquela outra pessoa com quem você está trabalhando desperte para entrar no processo original de equilíbrio dela - contou.

Hoje terapeuta, Ana Paula é idealizadora do método que leva seu nome, o Equilíbrio Vital Urtiaga. Em seu espaço, no Itanhangá, Zona Oeste do Rio, ela atende atletas famosos como Carlos Burle e Fernanda Keller, por exemplo, além de artistas e qualquer pessoa que esteja em busca de alinhar sua inteligência energética. Para os atletas, profissionais ou amadores, o trabalho dela ajuda, entre outras coisas, a evitar lesões.

- A cabeça do atleta funciona no automático, aí ele não escuta os sinais do corpo e acaba se lesionando. Se ele estiver atento a esse todo, como está emocional e fisicamente, em termos de ansiedade, como se alimenta, ele vai ter menos lesões. Vai saber dar a pausa, mesmo que tenha que cumprir uma rotina aquela semana. Ele aprende a fazer uma leitura dele mesmo com mais clareza. E esse trabalho é bom para qualquer área. Dentro desse trabalho entra uma leitura física através da acupuntura, medicina tradicional chinesa, que é preventiva. A gente trata a saúde, a não lesão. Quando há um excesso físico ou algum lado emocional que esteja te consumindo, isso te tira do equilíbrio. A gente precisa ter consciência do nosso funcionamento e como é o nosso funcionamento dentro desse todo. Chamo de visão de drone, como se você visse um todo lá de cima e vai se aproximando até a origem - explicou.

Em seu espaço, Ana Paula une várias técnicas no atendimento — Foto: Arquivo pessoal

Acupuntura foi uma das técnicas que Ana aprendeu após o coma — Foto: Arquivo pessoal

Atriz Isabella Santoni é uma das famosas que buscam equilíbrio com Ana Paula — Foto: Arquivo pessoal

As sessões duram cerca de 1h30. Nelas, Ana Paula trabalha com diversos métodos, que vão desde auriculoterapia, passando por alongamento, acupuntura até a conversa onde explica tudo o que conseguiu detectar.

- Quando recebo a pessoa, só faço duas perguntas: se ela está com dor física e/ou falta de energia. Aí inicio o trabalho sentindo a pessoa. Uso a auriculoterapia em três pontos que vão me ajudar a entrar no equilíbrio. Começo o ajuste físico, alongando a pessoa, e ali percebo se ela está com algum bloqueio físico e vejo os pontos em que vou usar da acupuntura. Depois disso, ela vai desligando. Aí trabalho os chakras, o alinhamento e a purificação da aura. Ali já estou captando alguma emoção que possa estar bloqueando o físico dessa pessoa. Quando a pessoa desliga, é a hora em que ela entra em contato mais sutil do pensamento e consegue se conectar com a origem dela. Nessa hora, todos os estímulos que usei são captados de maneira potencializada. Ela volta, converso com ela e explico tudo o que está acontecendo.

Primeiro, é preciso equilibrar a si mesma antes de fazer os atendimentos — Foto: Arquivo pessoal

E para dar conta de equilibrar os outros, a carioca de 48 anos precisa se equilibrar primeiro. E para isso, usa o esporte. O mesmo que a desequilibrou no passado, hoje é fundamental para manter sua energia em dia. Atualmente, logo cedo, a ex-atleta de nado sincronizado, nada e surfa diariamente.

- O esporte me ajuda nesse equilíbrio. Minha religião toda está no esporte. Ele me ajuda para que eu me mantenha em equilíbrio, para gerar energia. São dois movimentos que mantêm a vida: a atividade e a pausa. Sem esporte não tem como. Tem que ter uma atividade para fazer esse giro do nosso sistema. Não fomos feitos para ficar parados. Esporte é vida. É uma universidade para quem quer - analisou.

Prancha e remo fazem parte da rotina diária de Ana Paula — Foto: Roberto Noval

E neste fim de semana, Ana Paula vai competir nos Jogos Cariocas de Verão, evento que reúne amadores e profissionais em 13 modalidades para toda a família na Praia da Barra da Tijuca. Ela, que já ganhou travessias de até 25km, vai nadar 1500m.

- É o maior evento esportivo realizado ao ar livre com várias modalidades acontecendo simultaneamente. Lá os atletas, amigos, familiares, técnicos e staffs confraternizam entre si e aproveitam a natureza belíssima do nosso Rio de Janeiro - finalizou.

A carioca vai nadar 1500m nos Jogos de Verão neste fim de semana — Foto: Arquivo pessoal

Ana exibe a medalha conquistada na edição do ano passado dos Jogos de Verão — Foto: Arquivo pessoal

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