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Por Leonardo Miranda

Jornalista, formado em análise de desempenho pela CBF e especialista em tática e estudo do futebol


Quando você pensa no Borussia Dortmund, que decide a Liga dos Campeões contra o Real Madrid nesse sábado (01), a partir das 16h, o que vem na ponta da língua é a torcida vibrante e amarela que confia em times jovens e treinadores identificados para fazer bonito no futebol alemão. Pois é exatamente isso que acontece na atual equipe.

O treinador Edin Terzić está no clube desde 2018, foi scout, auxiliar e treinador interino até ser anunciado como treinador oficial da equipe no fim de 2022. A política é a mesma de sempre: formar esquadrões jovens, aprimorar jogadores e fazer bons negócios, como Jude Bellingham, que chegou ao Real Madrid como grande estrela.

Edin Terzic, técnico do Borussia Dortmund — Foto: MARIUS BECKER / AFP / POOL

O que diferencia esse ano dos outros é que o time não é exatamente tão jovem assim. Matt Hummels é o único remanescente da última final, lá em 2013. No meio-campo, Emre Can e Sabitzer fazem uma das duplas mais interessantes de volantes, sempre regulares. Jadon Sancho pode não ter despontado como o grande craque que prometia, mas voltou com tudo ao clube.

O Borussia joga num 4-2-3-1 muito bem definido por Terzic: Adeyemi, Brandt e Sancho formam um trio atrás do camisa nove, e Can e Emre sustentam o meio. Os laterais sobem bastante, mas na defesa, todo mundo volta e forma duas linhas de quatro, como grande parte dos times que jogam nesse esquema.

Saída curta e ataque posicionado na frente

A construção das jogadas do Borussia começa nos pés de Gregor Kobel. Ao melhor estilo "Dinizista", a saída do time é curta, com os zagueiros bem próximos dos goleiros e ao menos um dos volantes, geralmente Can, vindo buscar a bola para atrair a marcação. Nesse momento, o time quer sair curto e jogar pelo centro do campo, e por isso os laterais ficam mais projetados, esperando a bola na linha divisória do meio.

Construção do Borussia: saída curta, ataque na frente — Foto: Reprodução

Pode parecer muito pouco sair com apenas um volante e arriscar usar o goleiro. Mas tudo tem um plano. Observe que na imagem acima, nenhum dos atacantes vem buscar a bola. Nem mesmo Brandt, o meia central. É proposital: Terzic quer que o time coloque sempre quatro jogadores o mais próximo do gol possível, dando profundidade ao jogo e prendendo a defesa lá atrás.

Com isso, o Borussia se torna um time vertical e direto: poucos passes já encontram o quarteto em condição de correr e chegar ao gol.

Forte lado direito com lateral chegando

Outra tática muito usada pelo time é buscar inverter o jogo: concentra tudo num lado e lança uma bola para o outro lado, aproveitando o espaço que o adversário deixa nas costas. O lateral Ryerson aproveita muito esses espaços na direita e funciona como uma válvula de escape, sendo acionado a todo momento que o time está afogado. Com velocidade, ele faz dobradinha com Sancho e o Borussia chega muito por aquele lado.

Inversão de lado, especialmente o direito, é boa jogada do Borussia — Foto: Reprodução

Para essas jogadas darem certo, os volantes do Borussia jogam de forma direta e coordenada: recebem a bola, giram e passam o mais rápido possível para o pelotão de frente, que joga muito próximo e focado em provocar prejuízos na defesa rival. Nos cruzamentos, a área sempre fica povoada com três ou quatro jogadores, e as chegadas de Sabitzer - que fez o tento da classificação contra o Atlético de Madrid - ajudam o time a vencer.

Defesa compacta: será preciso!

No melhor dos cenários, a final em Wembley irá acontecer com o Real tocando a bola e tentando os espaços e o Borussia resistindo bravamente como foi contra o PSG na França. O 4-2-3-1 do time faz um 4-4-2 sem segredos: duas linhas de quatro super compactas, com Can vindo entre os zagueiros quando for necessário para dobrar marcação.

Defesa do Borussia: compacta com duas linhas de quatro — Foto: Reprodução

Brandt é importante ao time, mas Terzic pode abrir mão de um meia mais ofensivo por um jogador de marcação para ajudar a parar Bellingham, Kroos, Vini...

Missão difícil, mas não impossível para quem já chegou além do que imaginava nessa Liga dos Campeões.

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