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Por Ricardo Gonzalez

Comentarista dos canais sportv


Acompanho há um bom tempo as competições nacionais da categoria sub-20, comentando jogos para o Sportv. E posso garantir que a base nacional melhora a cada temporada. Calendário organizado (ainda pode melhorar, unificando um pouco mais cada federação), ferramentas de preparação, investimento, cobertura da mídia, aspectos que me fazem dizer que hoje o sub-20 é um profissional com menos quilometragem. Mas infelizmente se coisas boas foram incorporadas, outras que são ruins para o elenco principal também chegaram à base: quantidade de competições, viagens longas, pouco tempo de recuperação, pressão por resultados a curto prazo e a famigerada impaciência com treinadores.

Botafogo 2 x 3 Corinthians | Melhores momentos | 12ª rodada | Brasileirão Sub-20 2024

Botafogo 2 x 3 Corinthians | Melhores momentos | 12ª rodada | Brasileirão Sub-20 2024

Esta semana comentei para o Sportv 3 o jogo entre Botafogo e Corinthians, pelo Brasileirão sub-20, no estádio Nilton Santos. Dois times em situação parecida - e ruim. O Botafogo perdera, na rodada anterior por 6 a 1 para o Athletico-PR e demitiu Eduardo Oliveira, que tem uma carreira de bons trabalhos na base, e não estava nem há um ano no cargo. O Corinthians, há duas rodadas, perdeu de 6 a 0 do Cruzeiro e mandou embora o ídolo Danilo (bicampeão do mundo como jogador, por São Paulo e pelo próprio Corinthians), por cujas mãos passaram excelentes nomes como Moscardo, Breno Bidon, Roberto Renan e Wesley. Não à toa os dois times entraram na rodada em 18º e 19º lugares - se houvesse rebaixamento no sub-20, os dois alvinegros seriam fortes candidatos.

O Botafogo tinha uma única vitória em dez jogos. Nesse mesmo número de partidas, o Corinthians fizera escassos... 6 gols, o pior ataque da competição. Por tudo o que já escrevi, poderia parecer estranho um placar final com vitória corintiana por 3 a 2 - e quem acompanhou o jogo sabe que poderia ter sido 6 a 5 para qualquer um. Mas... será que os times melhoraram, do nada passaram a jogar o que ainda não haviam jogado na competição? Não. O placar com 5 gols deveu-se a dois sistemas defensivos caóticos: o do Botafogo, com a última linha razoavelmente bem postada, mas frouxa, olhando o adversário tabelar e errando inúmeras saídas de bola. E o do Corinthians sem recomposição, com os zagueiros distantes e abrindo vários corredores para o ataque botafoguense entrar. Dos 5 gols, apenas o segundo do Botafogo teve mérito pleno do ataque, não havendo nada que a defesa do Corinthians pudesse fazer.

No primeiro tempo, o Botafogo mandou duas bolas na trave, e o Corinthians obrigou o goleiro Cristiano Junior a duas grandes defesas - as outras muitas chances dos dois lados foram para fora. Até que aos 40 minutos, Fabiano foi querer driblar na entrada de sua área, Pellegrin roubou a bola e deu a Beto, que atacou o espaço. O centroavante corintiano bateu cruzado e abriu o placar. O segundo tempo começou sem mudança de panorama. Aos 5, o Corinthians foi entrando pela área, tocando de pé em pé, a zaga carioca olhando, até a bola chegar André, na altura da marca do pênalti. O meia fuzilou e fez 2 a 0. Ah, agora o Botafogo vai arriar os pneus... Nada! O jogo continuou lá e cá, e cinco minutos depois, Kauan Toledo bateu da entrada da área. A bola resvalou na zaga e tirou o goleiro Matheus Correa da jogada: gol botafoguense.

Aos 23, o Corinthians resolveu explorar a marcação contemplativa do Botafogo e fez uma troca de passes na entrada da área: os três últimos toques foram de primeira, até que Guilherme Henrique fez o terceiro do Timãozinho. A experiência do "jogo sem defesa" seguia, mas aos 29 minutos saiu o último gol do jogo e o único com méritos maiores para o ataque. Foguete recebeu no meio e fez um belo passe vertical a Kauan Toledo. Ele saiu na cara do gol, teve paciência para tirar do goleiro e calcular onde deveria chutar para superar os três corintianos que cobriam o gol.

No fim, 3 a 2 para o Corinthians, mas o resultado só serviu para afundar ainda mais o Botafogo. Não creio que o Timão tenha força para reagir, como o São Paulo (que até poucas rodadas era lanterna) está fazendo. Para piorar a situação do time, o técnico Raphael Laruccia, que assumiu o sub-20 na vaga de Danilo, precisou subir interinamente para o profissional, até que chegue o novo técnico. É tudo muito caótico e o futebol, como ele é hoje, não dá chance para desorganização. Nem em cima e nem da base, que deveria aprender a só importar coisas boas do profissional.

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