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Por Ricardo Gonzalez

Comentarista dos canais sportv


A Argentina vai cumprindo sua obrigação e, depois da dificuldade nas quartas da Copa América, dificilmente deixará de estar na final. Falo em obrigação porque eu - e outros tantos analistas - apontei desde sempre o time de Messi como favorito a mais um título continental, no caso argentino, o bi da Copa América. Mas não foi fácil. Porque o Equador jogou no seu limite e porque o técnico Lionel Scaloni errou no segundo tempo - sim, apesar de a imprensa ter criado super-homens infalíveis que tudo sabem à beira do campo, treinadores são humanos e também erram. As mexidas argentinas facilitaram o trabalho do Equador, que poderia até vencer no tempo normal se Enner Valencia não se mostrasse um amarelão de luxo nas horas decisivas. E nos pênaltis, foi a vez de Messi vacilar. Mas a Argentina já ganhou uma Copa por um milagre do goleiro Emiliano Martinez. Então, o que é uma Copa América para esse arqueiro mágico, que salvou os dois "Lionéis"?

Emiliano Martínez defende duas cobranças na disputa de pênaltis entre Argentina e Equador; veja

Emiliano Martínez defende duas cobranças na disputa de pênaltis entre Argentina e Equador; veja

Depois que voltou a ser campeã mundial - e com isso tirou de Messi um peso histórico dos ombros - a Argentina "relaxou" e passou a curtir um pouco a vida em sua nova condição. Não precisou fazer qualquer tipo de renovação e nem se desgastar com amistosos pesados. Manteve-se com ritmo contra rivais bem fracos, e apenas com a memória da campanha no Catar, jogou como Argentina nos compromissos mais duros na Eliminatória à Copa de 2026, inclusive batendo o Brasil no Maracanã - e lidera o torneio com folga. Nesse cenário, o time conseguiu administrar o primeiro diante de um Equador que, além de não ter medo de atacar, encaixotava Messi e Lautaro Martinez numa marcação implacável de Alan Franco, Gruezo e até Sarmiento (quando Messi vinha no seu próprio campo para iniciar a transição.

Na construção seria difícil. Então a Argentina recorreu a outra arma que usa muito bem: a bola parada com Messi. Escanteio pela direita e a famosa canhota pôs a bola na cabeça de MacAllister. Desvio na primeira trave rumo à segunda, onde estava Lisandro Martinez para fazer seu primeiro gol com a camisa albiceleste. Ante um time desse tamanho, seria natural o Equador se desestabilizar. Nada. O ritmo equatoriano não se alterou. E aos 16 minutos do segundo tempo, deveria ter sido recompensado com o pênalti marcado. Mas, como se lembram os torcedores do Internacional na semifinal da Libertadores contra o Fluminense, Enner Valencia fraquejou. Não pode sequer alegar a presença da muralha Martinez - que pulou para sua esquerda, mas a bola foi para a direita. Valencia chutou na trave e seria substituído 18 minutos depois, antes do empate.

Eis que aos 33 minutos Lionel Scaloni, talvez assustado pela pressão do adversário, resolveu reorganizar sua saída de bola. A intenção não foi ruim, mas ao tirar simultaneamente Lisandro Martinez e Enzo Fernandez o que ele fez na prática foi desarticular a defesa e chamar o Equador para dentro da área - até porque, e aí não é culpa de Scaloni - Otamendi entrou muito mal e quando Lo Celso começou a entrar no ritmo, o jogo acabou. O gol do Equador, de Kevin Sarmiento, aos 46 minutos, saiu de onde deveria estar Otamendi.

O momento psicológico deveria pender para o Equador especialmente quando Messi tentou uma cavadinha no primeiro pênalti e perdeu. Mas... as coisas passaram a depender do super-herói Emiliano Martinez. E com ele não tem erro. Pegou duas cobranças e recolocou a ordem do futebol sul-americano no trilho. Equador se despedindo de cabeça erguida, dando orgulho à sua torcida; e a Argentina, muito provavelmente, na sua quarta final seguida de Copa América.

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