Comentei nesta quarta-feira para o Sportv um duelo pesado, que não me deixará surpreso se em 2025 for disputado na Série A. De um lado, na condição de anfitrião, o Coritiba, pela primeira vez com o novo técnico, Fábio Matias, diante da torcida (já estreara fora de casa com um importante empate com o Goiás, na Serrinha); do outro, o brilhante América-MG, líder desta equilibradíssima Série B. Um duelo que estava marcado pelo equilíbrio, até que no intervalo o técnico do Coxa foi ousado e tirou um volante para colocar a nova joia do clube, o menino Lucas Ronier, 19 anos. E aos 10 minutos do segundo tempo saiu o único gol do jogo, quem fez? Ele mesmo, Ronier, 1 a 0 Coritiba e Série B pra lá de embolada.
Coritiba 1 x 0 América-MG | Melhores momentos | 11ª rodada | Série B 2024
Pelo resultado e pelo que jogou, o Coritiba mostra que pode ter acertado em cheio na escolha do treinado. Fábio Matias teve uma boa formação na base de Internacional e Flamengo, no Botafogo fez um excelente vestibular na profissão - comandou muito bem a transição entre a caótica era Tiago Nunes, deixando um time confiante e o terreno capinado para Artur Jorge assumir e brilhar - e pode no clube iniciar uma bela carreira. Como costuma fazer, colocou o Coritiba para atacar no início. O time chegou a fazer um gol, Bruno Melo, de cabeça, aos 4 minutos - mas o VAR anulou corretamente por impedimento. Depois de um início instável e confuso, a partir dos 15 minutos, o time de Cauan Almeida se acalmou, botou a bola no chão, aproximou as linhas e freou a pressão do Coxa.
A questão é que o América, apesar do controle do meio-campo, não conseguiu espaço na bem montada defesa do Coxa - outro dedo de Fábio Matias. O goleiro do Coxa, Pedro Morisco, não teve qualquer trabalho muito relevante. A maior chance de gol acabou sendo do Coritiba, na bola parada. Figueiredo bateu uma falta frontal ao gol, a bola desviou na barreira e explodiu na trave. Nessa altura, a torcida do Coxa já berrava no ouvido de seu treinador para que ele trocasse Vini Paulista por Ronier.
Mas o talentoso jovem não começou no banco por opção equivocada do treinador. Lucas Ronier estava numa complicada negociação para renovar contrato, não tinha jogado contra o Goiás e estava treinando em separada. Mas na manhã da quarta-feira, horas antes do jogo contra o Coelho, as duas partes se entenderam, Ronier assinou até o fim de 2027 e foi relacionado em cima da hora - aí sem, após conversar com o jogador, Fábio Matias optou por se um pouco conservador e priorizar quem fizera todas as sessões de treinos. Como as coisas não estavam acontecendo, no intervalo mandou Ronier aquecer.
Mas, ousada e inteligentemente, Matias manteve Vini Paulista e tirou o volante Geovani Meurer. Na mosca. Aos 10, Vini Paulista dá o bote na entrada da sua própria área. Dá um lençol no marcador e arranca em diagonal. Ao chegar na direita da ataque, é cercado por quatro oponentes e quebra a marcação do América com um toquinho para Lucas Ronier que vinha corrida. Com campo aberto, três contra um zagueiro, a joia tocou na esquerda, já na área, a Mateus Frizzo. Este esperou a saída do goleiro e tocou no lado a Ronier, que acompanhou o lance. Coritiba, golaço de criação coletiva, assinado pelo talento do potencial craque do futuro.
Esperava-se que o América-MG passasse a correr mais. Afinal, se até ali o empate não fosse exatamente um mau resultado, perder nunca é bom. Mas o time mineiro não conseguiu. Sentiu o gol, demorou a reagir, e quando o Coritiba resolveu segurar o resultado, por volta dos 30 minutos, o máximo que o Coelho conseguiu foi rondar a área adversária. Pouco intenso, previsível, preguiçoso. Um coelho lento é um contra senso da natureza, e os mineiros pagaram por isso com os três pontos. Já o Coritiba, se vai conseguir subir só saberemos no fim do ano. Está mais fácil prever que o clube vai revelar um grande talento para o futebol brasileiro, este arisco Lucas Ronier. Ou para brilhar na Série A no ano que vem, ou para reforçar os cofres do clube.
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