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Por Ricardo Gonzalez

Comentarista dos canais sportv


A bela edição 2023 da Copa do Mundo 2023 chega à sua reta final e neste sábado foram definidos os últimos semifinalistas. Na véspera, infelizmente para nós, o Brasil foi eliminado e formou-se a primeira parelha, Argentina x Alemanha. Na outra, o duelo será entre França x Mali. Comentei para o Sportv o duelo africano que apontou Mali na semi, vitória de 1 a 0 sobre o emergente Marrocos. Diante da "seleção da moda" (lembremo-nos que Marrocos foi semifinalista da última Copa do profissional, Catar-2022), que dos 21 marroquinos convocados no sub-17 tem 10 jogando na Europa, Mali foi brilhante. Insinuante, sofisticado na movimentação ofensiva, e absolutamente focado na recomposição defensiva, poderia ter garantido a vaga por placar maior, mas foi até bom porque Marrocos foi valente e será fundamental que, mesmo com essa eliminação, o país continue o trabalho de valorização do futebol.

Mali 1 x 0 Marrocos - Gol - Quartas de final - Mundial Sub-17

Mali 1 x 0 Marrocos - Gol - Quartas de final - Mundial Sub-17

Antes de a bola rolar no Mundial, se me perguntassem qual dessas duas seleções africanas chegaria mais longe eu apontaria Marrocos. Por estar inserido num trabalho de formação e consolidação de jogadores no país, por ter jogadores atuando na Europa - alguns nascidos na Itália e Alemanha, com nacionalidade marroquina (no Ajax, Anderlecht, Eintracht Frankfurt, Le Havre, Juventus, Volendam, Lille e PSG) e por ter eliminado Mali, nos pênaltis, na semifinal da Copa das Nações Africanas (que classificou para o Mundial) - embora tenha perdido a final para Senegal. No grupo inteiro de Mali, apenas Badra Traoré atua no Metz francês, os demais atuam no próprio país.

Mas... quando a bola rolou, foi o time de Mali quem deu liga. Até este sábado, foram 4 jogos, 3 vitórias e uma derrota por 1 a 0 contra a Espanha - 13 gols marcados, média de mais de 3 por jogo. Já Marrocos venceu os frágeis Panamá e Indonésia, perdeu do Equador e, nas oitavas, perdia do Irã até os acréscimos do segundo tempo. Azouzi entrou aos 90 minutos, empatou e, nos pênaltis, os iranianos desperdiçaram duas cobranças.

No jogo, essa linha foi mantida. Dos pouco mais de 100 minutos da disputa africana, Mali passou uns 80 atacando. O empate no primeiro tempo já não fora o melhor retrato. Por mais que Marrocos saiba se defender, sofreu com a troca de posições entre Makalou, Tia Martial e Kone, e com a velocidade e os dribles de Barry e Diarra. O goleiro de Marrocos, Benrhozil, fez várias defesas difíceis e honrou a linhagem de Yassine Bounou - que brilhou na histórica Copa do Catar, e hoje é colega de Neymar e Jorge Jesus e Al-Hilal. Para os marroquinos, o 0 a 0 foi vitória.

No segundo tempo, Marrocos vivia um drama: precisa atacar, incomodar Mali, mas ao mesmo tempo sabia que se saísse daria ao rival o que ele mais sonhava: espaço para contra-ataques em velocidade. O jogo ficou tenso e com chances alternadas, mas com Mali sempre no controle. Marrocos melhorou quando entraram Azaouzi e Ennair - este perdeu um gol claro, depois de driblar o goleiro Kone e perder o ângulo.

E foi justamente na sequência de um ataque de Marrocos que Mali fez o gol da classificação. Aos 35, a defesa de Mali aliviou e a bola da esquerda caiu na direção de Kanaté. Ele deu giro por sobre a bola que tirou metade da marcação adversária. Entrou livre, chutou na trave e, no rebote, a bola se apresentou ao melhor jogador em campo, Diarra, que chapeou de esquerda para o fundo das redes. Enfim um placar que retratava o que foi o jogo. Classificação merecida para o brilhante Mali, e Marrocos também está de parabéns pela valentia, pela qualidade do time e que se mantenha na linha de crescimento.

Nas semi é bobagem fazer previsões, todos têm chances iguais. Tanto a talentosa Argentina - que anda em estado de graça - como a fria e objetiva Alemanha. Tanto a França, que virou uma fábrica de talentos em larga escala, quanto este Mali por cujos pés habilidosos a África brilha. Seja lá quem perder vai vender muito caro o resultado...

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