Com o período de estiagem, o Rio Acre chegou ao nível de 1,86 metro em Rio Branco, nesta sexta-feira (8), somente 36 centímetros acima do nível mais baixo em 45 anos, quando começou a ser monitorado. Conforme a Defesa Civil, em setembro de 2011, o manancial ficou com apenas 1,50 metro de profundidade, menor nível já registrado.
O decreto de situação de emergência, assinado pelo governador do estado, Tião Viana (PT-AC), ainda na quinta-feira (7), foi publicado na edição desta sexta do Diário Oficial (DOE). A medida recai especificamente sobre os municípios de Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia, Assis Brasil, Porto Acre, Bujari, Plácido de Castro (Vila Campinas), Acrelândia, além da capital acreana.
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As previsões, sobretudo relacionadas às chuvas, não são nada animadoras, devido aos meses de julho, agosto e setembro serem considerados os mais críticos, segundo o coordenador da Defesa Civil do Estado, coronel Carlos Batista. Por isso, ele afirma que o cenário está propício para que o rio atinja a marca histórica antes de setembro, como ocorrido em 2011.
"As previsões para o leste do estado são chuvas abaixo da média para os próximos três meses. Se essa chuva for dividida durante todo o mês, não tem impacto na subida do rio. Em 2011, ele chegou na cota que estamos hoje em agosto. Ainda estamos em julho. A tendência é que as águas continuem baixando", afirma.
O cenário é totalmente diferente daquele visto há pouco mais de um ano, quando, nos primeiros meses de 2015, os rio-branquenses enfrentaram a pior enchente da história do estado. Na época, o Rio Acre atingiu à marca de 18,40 metros.
Após a publicação do decreto de situação de emergência, Batista acrescenta que um relatório deve ser encaminhado a Brasília até a próxima segunda-feira (11) com o plano de medidas necessárias para tentar amenizar o impacto da estiagem no estado. A ideia, segundo ele, é conseguir recursos para evitar, principalmente, um problema de desabastecimento de água.
"Claro que esse decreto foi direcionado à toda bacia do Rio Acre, que também está com cotas críticas e com tendência de agravamento. Decretou-se para que possamos, junto ao governo federal e Ministério da Integração, solicitarmnos recursos complementares para ações de resposta e assistência para evitarmos ou reduzirmos um problema hídrico", ressalta.
Falta de água
O diretor do Departamento de Pavimentação e Saneamento (Depasa), Edvaldo Magalhães, informou que, atualmente, Rio Branco já está com 20% a menos da capacidade na produção de água devido à mudança na captação, agora feita por meio de bombas flutuantes. O gestor anunciou que fiscalizações vão ser feitas em bairros da capital para evitar desperdício.
Depasa (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
"Faremos uma abordagem educativa no primeiro momento e depois com notificações se for necessário. Se a comunidade colaborar, a gente pode não ter [racionamento] ou pode adiar bastante essa medida", falou.
Um técnico da Agência Nacional de Águas (ANA), Rodrigo Flesha, esteve em Rio Branco para avaliar a situação. "Nossa ideia é produzir uma nota técnica caracterizando, sobretudo, as duas tomadas d'água do Rio Acre. Constatamos a necessidade de ampliar as captações flutuantes", disse Flesha.
Durante a assinatura do decreto, o governador chegou a mencionar que essa é, possivelmente, a pior seca da história do Acre. "Tivemos a mais grave enchente e, agora, a mais grave seca. Isso envolveu um esforço coletivo, uma responsabilidade ampliada com toda a população", falou Viana.