01/07/2016 16h34 - Atualizado em 01/07/2016 16h34

Governo assina decreto de situação de alerta devido à seca do Rio Acre

'Iminência de confirmação da maior seca da história', afirmou Tião Viana.
Nesta sexta-feira (1°), rio atingiu 1,92 m, menor nível do dia desde 1971.

Caio FulgêncioDo G1 AC

Tião Viana assinou decreto ainda nesta sexta-feira (1°) em Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)Tião Viana assinou decreto ainda nesta sexta-feira (1°) em Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)

O governador do Acre, Tião Viana, assinou, nesta sexta-feira (1°), decreto de situação de emergência devido à seca do Rio Acre. Na capital do estado, Rio Branco, as águas do manancial chegaram à marca de 1,92 metros, o pior nível registrado para o primeiro dia do mês de julho desde 1971, ano que teve início o monitoramento.

Para se ter um parâmetro, a marca mais baixa que o Rio Acre atingiu na história, conforme dados da Defesa Civil, foi em setembro de 2011, quando as réguas marcaram 1,50 metro. Segundo o governo, a expectativa do órgão é que a lâmina de água seja inferior à daquele ano no mesmo período.

O cenário atual é completamente oposto ao que o estado viveu durante o ano passado. Nos primeiros meses de 2015, o Rio Acre atingiu a enchente histórica com o nível de 18,40 metros. Na época, centenas de famílias precisaram ser retiradas e alojadas em abrigos públicos tanto em Rio Branco quanto em alguns municípios do interior.

"Estamos diante da iminência de confirmação da maior seca da história. Estamos com algumas semanas com a percepção de problemas envolvendo do abastecimento ao risco de queimadas. Resolvemos criar, de imediato, uma sala de situação com trabalho permanente. O Rio Acre não é preenche apenas o espaço hídrico de Rio Branco, ele afeta várias cidades", disse Viana.

Destroços da primeira ponte metálica sobre o Rio Acre ressurgem por causa da seca (Foto: Marcos Vicentti/Arquivo Pessoal)Destroços da primeira ponte metálica sobre o Rio Acre ressurgem por causa da seca (Foto: Marcos Vicentti/Arquivo Pessoal)

Para evitar um possível desabastecimento de água, o governo também anunciou, nesta sexta-feira, o investimento inicial de R$ 650 mil para aprimoramento do sistema de captação de água. O Plano de Contingência do Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) inclui aquisição de novas bombas de sucção, flutuantes, construção de adutoras e novas subestações de energia.

"Estamos iniciando o verão e se projetarmos, podemos chegar em setembro com a lâmina de água inferior a um metro. Estamos mudando toda a nossa captação de água para flutuantes e bombas sobre flutuantes, para que possamos manter a produção em 80% da nossa capacidade. Vamos depender muito do abraço da comunidade evitando o desperdício", afirmou o presidente do Depasa, Edvaldo Magalhães.

Baixo nível da água possibilita ver as base das pontes no Centro de Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)Baixo nível da água possibilita ver as base das pontes no Centro de Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)

Poucas chuvas
Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel George Santos, todo o problema foi causado pela pouca quantidade de chuvas no primeiro semestre deste ano, diferente do ano passado. De janeiro a junho de 2016, houve o registro de apenas 892 milímetros - sendo que a média, nos últimos 12 anos, é de 1.200 milímetros.

"Choveu muito abaixo. Neste ano, o Rio Acre não ultrapassou os 12 metros. A média dele para março é 15 metros. Choveu pouco e o nível vai baixar mais. Temos ainda julho, agosto e setembro. Uma base de 90 dias para que ele [o rio] atinja o pico crítico", acrescentou Santos.

Entenda o caso
As marcas da seca do Rio Acre este ano se revelaram ainda no surgimento de restos da Ponte Juscelino Kubitschek, ou ponte metálica, que desabaram na década de 1970. O historiador Marcus Vinicius Neves explicou que as partes, provavelmente, pertenciam a um pilar que ruiu e acabou caindo por causa dos restos de madeira que encalhavam no fundo do rio.

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