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Por Rafael Faustino


Da esquerda para a direita: Alphonse Voigt, Wagner Ruiz e João Del Valle, cofundadores do Ebanx — Foto: Divulgação / Arte: Clayton Rodrigues
Da esquerda para a direita: Alphonse Voigt, Wagner Ruiz e João Del Valle, cofundadores do Ebanx — Foto: Divulgação / Arte: Clayton Rodrigues

Quem é assinante de serviços internacionalmente famosos, como Spotify, provavelmente já viu esse nome diversas vezes em seus recibos de assinatura: Ebanx. O serviço de pagamentos pela internet surgiu para conectar consumidores brasileiros a empresas internacionais e se tornou uma das fintechs de maior sucesso do país. Fundada em 2012 e com foco nos mercados em desenvolvimento, expandiu suas operações para 29 países da América Latina, África e Ásia nos últimos anos.

Ao notar a necessidade que havia de serviços de pagamentos mais fluidos para os brasileiros na internet, o Ebanx ocupou este lugar e se tornou o intermediador de pagamentos de serviços como Spotify, Uber e Airbnb.

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O reconhecimento de investidores ajudou a impulsionar o crescimento do negócio, com pelo menos US$ 460 milhões recebidos de players como FTV Capital e Advent International, e ajudando o Ebanx a se tornar um unicórnio brasileiro em 2019.

Como surgiu o Ebanx

O Ebanx foi fundado em 2012 em Curitiba por Alphonse Voigt, João Del Valle e Wagner Ruiz. No documentário “The crazy blue ones”, que a própria empresa produziu para contar sua história, em 2020, Voigt conta que tudo começou quando ele conheceu Wagner Ruiz em um curso de filosofia que o último ministrava, e ambos se tornaram amigos. Outro conhecido deles, João Del Valle, atuava então numa companhia de tecnologia chamada Polvo, que fazia integração de pagamentos.

Em conversas sobre o futuro daquela área, perceberam que havia espaço para uma nova plataforma que facilitasse transações online para consumidores. “Nós tínhamos [na Polvo] há anos uma demanda de sites do exterior, principalmente chineses, que queriam processar boleto. Víamos as oportunidades, mas era difícil fazer algo. Até que, ali por 2011, a gente começou uma conversa mais séria com o Alphonse”, conta João Del Valle, hoje CEO do Ebanx, no documentário.

Os três botaram, então, a mão na massa. “No começo era assim: a gente se juntava, todo mundo fazia tudo. Eu me virava de madrugada tentando descobrir como fazer as coisas, o João passava a madrugada programando, e o Alphonse viajando e falando com todo mundo”, relembra Wagner Ruiz, que agora atua como membro do conselho da empresa.

A ideia do nome veio de Alphonse Voigt, também membro do conselho atual, que fez o primeiro investimento formal do novo negócio: a compra do domínio virtual com o nome Ebanx. Pouco depois, em 10 de fevereiro de 2012, o primeiro pagamento no Brasil foi oficialmente processado pelo Ebanx para um cliente no exterior.

Empresa Endeavor e primeiro grande cliente

O Ebanx cresceu em volume de negócios capturados, e um de seus fundadores enxergou uma oportunidade de ter uma mentoria ímpar: ligou para a Endeavor e pediu, ainda em 2012, o auxílio da organização, que se colocou à disposição.

Letreiro na sede do Ebanx — Foto: Reprodução
Letreiro na sede do Ebanx — Foto: Reprodução

A ajuda recebida no processo inicial, entretanto, esbarrou nos processos formais de avaliação do Ebanx para ser um negócio Endeavor. Após passar pela etapa inicial, os três cofundadores ouviram uma resposta difícil do presidente do conselho global da organização: “Esse cara olhou para a gente e falou que existem dois tipos de pessoas no mundo: líderes e seguidores. Disse que nosso negócio é muito bom, mas que não tinha plano de futuro, e não parecia que iria durar muito. A gente parecia mais ser seguidores. Nosso mundo caiu naquela hora”, lembra Wagner Ruiz.

Mas, sem se deixar abalar, os empreendedores fizeram os ajustes necessários, suficientes para que, no dia seguinte, a avaliação da Endeavor aprovasse o Ebanx para integrar a organização. Foi a menor empresa a conseguir esse status. “E hoje, provavelmente, uma das maiores”, completa Ruiz. A parceria com a Endeavor ficaria mais sólida com um investimento formal: no final de 2017, o Ebanx recebeu sua primeira rodada de aportes, de US$ 30 milhões, liderada pelo FTV Capital com participação da Endeavor Catalyst.

Mas, para chegar até aí, a empresa precisava de clientes de peso. E o primeiro chegou sem que o Ebanx fosse atrás: em 2013, um e-mail do líder da operação do chinês Grupo Alibaba no Brasil chegou na caixa de entrada dos cofundadores, explicando que a empresa gostaria de aumentar o alcance do Aliexpress por aqui, e para isso precisava de uma solução que os permitisse aceitar pagamentos em boletos – até aquele momento, o site só aceitava cartões de crédito Visa e Mastercard.

“Era uma empresa de 100 mil pessoas conversando com outra de dez, uma coisa de ordens de grandeza completamente desproporcional”, conta Voigt. Deu certo, e o processamento de pagamentos no volume requerido pelo Aliexpress deu ao Ebanx uma margem de crescimento que ainda não parecia visível naquele momento.

Enfim, unicórnio

A disparada do crescimento do Ebanx fez seus investidores verem que a aposta feita na empresa estava dando certo. Então, era hora de dobrá-la: com um novo aporte da FTV Capital, em 2019, de valor não revelado, a processadora de pagamentos passou a valer mais de US$ 1 bilhão, e se tornou unicórnio.

Nesse ponto, em 2019, o Ebanx já processava algo em torno de US$ 2,1 bilhões em pagamentos, e oferecia uma variedade maior de serviços, incluindo inteligência de mercado, serviços antifraudes e consultoria. Também já havia expandido a operação para mais países na América Latina.

“Não é uma questão de valor intrínseco ao dinheiro [ser unicórnio], mas um marco. Nosso problema nunca foi achar que ia chegar a US$ 1 bilhão. Mas a gente não sabia exatamente quando. E aí quisemos chegar a ser unicórnio logo para depois buscar o decacórnio. Mas não pelo valor do dinheiro, e sim pelo valor que a gente tem reconhecido pelos outros”, comentou Wagner Ruiz no documentário, sobre o momento histórico.

O reconhecimento veio, e de diversos lados. A confirmação foi o investimento de US$ 430 milhões recebido da Advent International, em 2021, momento em que o volume de pagamentos processados pelo Ebanx já se aproximava de US$ 7 bilhões. O aporte deu força para a fintech fazer importantes aquisições naquele ano: da Juno, empresa de soluções de cobrança e pagamentos; e da Remessa Online, de transferências internacionais de recursos financeiros, esta última por R$ 1,2 bilhão.

Ajustes de rota e novos mercados

Como muitas empresas de tecnologia, a Ebanx viu momentos mais difíceis em 2022 após um longo período de crescimento acelerado. Isso refletiu em uma reestruturação do negócio, com a demissão de 20% da sua força de trabalho em junho, e o fim de algumas linhas de atuação paralelas que havia desenvolvido ao longo dos anos. A Juno foi uma delas, tendo sua carteira de clientes vendida pelo Ebanx ainda em 2022.

A opção naquele momento foi “reforçar o foco no core do seu negócio, que são os pagamentos internacionais”, segundo a empresa disse a Época NEGÓCIOS. E, de fato, tal operação continuou sendo expandida, com a chegada a dois novos continentes: a África, em 2022, com a estreia em Nigéria, Quênia e África do Sul; e Ásia, já em 2023, com a aterrissagem na Índia.

Tais avanços, e outras expansões realizadas nos últimos meses, colocam o Ebanx em 29 países em dezembro de 2023, atendendo 1,6 mil clientes e construindo parcerias com empresas como Nubank, outro unicórnio entre as fintechs brasileiras, com a integração do NuPay à plataforma do Ebanx.

A empresa não revela os exatos planos futuros, mas um IPO parece estar em vista. Em 2022, a abertura do capital nos EUA chegou a ser requerida formalmente, mas o Ebanx acabou por adiar os planos, esperando condições de mercado mais favoráveis.

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