Projeto Aguaduna cria cidade inteligente e sustentável na Bahia

O complexo habitacional Aguaduna, que será construído no município de Entre Rios, no norte do litoral baiano, tem o apoio da Siemens e da Organização Mundial do Turismo

Por Soraia Alves


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Aguaduna, projeto de cidade inteligente e sustentável que será construída na Bahia — Foto: Divulgação/Kei Cities

Apreciadoras do Nordeste brasileiro há vários anos, as famílias espanholas Matutes Mestre e Espallargas decidiram investir na região por meio da criação de um projeto imobiliário que fosse, ao mesmo tempo, um ecossistema de inovação aberta e um modelo de cidade inteligente e sustentável, dedicado a recuperar o equilíbrio entre a sociedade e a natureza. Nascia, assim, a concepção de Aguaduna, que reunirá em um mesmo complexo habitacional e urbanístico centros de turismo e negócios tecnológicos no município de Entre Rios, no litoral norte da Bahia.

"Não queríamos criar um projeto na Bahia que fosse apenas turístico, mas que fosse também inovador. Nosso objetivo é levar mais qualidade de vida para os moradores dessa região, que tem uma natureza esplendorosa, mas que ainda carece de infraestrutura para serviços básicos como educação e saúde", explica Manuel Matutes, sócio de Aguaduna e co-fundador de Kei Cities, empresa de desenvolvimento de sistemas urbanos que comanda o projeto.

A meta do projeto é beneficiar cerca de 380 mil pessoas com o empreendimento, que deverá criar mais de 30 mil postos de trabalho. "As cidades devem ser vistas como parte dos projetos de inovação. Poder público e privado devem pensar sobre sustentabilidade social e ambiental para atingirem resultados econômicos positivos", diz Matutes.

O Aguaduna conta com o apoio de equipes multidisciplinares na Espanha, Brasil e Estados Unidos, além de parceiros estratégicos como a Siemens, responsável pela implementação de soluções e tecnologias que pretendem transformar a cidade em referência no uso de dados. Serviços digitais e o big data serão usados em áreas como eletrificação, gerenciamento de resíduos, segurança e mobilidade.

Além da Siemens, empresas como SegurPro, Enel X, Cetrel, Atos e a Organização Mundial do Turismo (UNWTO) apoiam o projeto. A cidade inteligente de Aguaduna tem um investimento total estimado em 2 bilhões de euros. Desse total, mais de 20 milhões de euros já foram aplicados na primeira fase de construção.

Aguaduna deve usar energias renováveis dentro de um modelo de mobilidade limpa, compartilhada e autônoma — Foto: Divulgação/Kei Cities

Energia renovável e mobilidade limpa

De acordo com Manuel Matutes, a comunidade terá entre seus principais pilares a economia circular, o uso de energias renováveis e o foco em um modelo de mobilidade limpa, compartilhada e autônoma. "No que se refere à energia renovável, o Brasil é uma potência mundial. E alguns dos maiores desafios estão relacionados a mudanças de padrões de consumo, e não a tecnologias específicas. Essas inovações já estão entre nós", diz.

O projeto de mobilidade de Aguaduna tem como base um terminal intermodal, que permitirá a circulação de meios de transporte sustentáveis, individuais e coletivos. O sistema será gerenciado por um software de uso público, que promoverá a mobilidade compartilhada de curta e longa distância. Já o modelo de gerenciamento de energia terá sistemas próprios de geração, distribuição e controle central, de forma a ampliar a sua eficiência. Isso inclui o uso da energia renovável a partir de uma matriz diversificada que engloba energia solar, eólica e biomassa.

Apenas 14% do terreno será ocupado por estradas e edificações. Os 86% restantes serão superfícies permeáveis, sendo 37% composto por áreas protegidas (Mata Atlântica, lagoas naturais e dunas) e 49% formado por áreas verdes, parques e espaços urbanizados.

Ainda em fase de desenvolvimento, a primeira fase de Aguaduna tem conclusão prevista para 2026. O projeto deve entrar em breve na sua segunda etapa, que consiste no desenvolvimento de parcerias com companhias para a instalação da infraestrutura, com desenvolvedores verticais. O intuito é capitalizar o projeto Aguaduna, oferecendo acordos de licenciamento exclusivos para empresas inovadoras.

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