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Charles, pseudônimo utilizado pelo profissional de cerca de 30 anos entrevistado pelo Business Insider, conta que já fez mais de R$ 3 milhões com trabalhos extras ao longo de três anos. Na área de tecnologia, ele tem um emprego fixo, mas faz trabalhos como freelancer nos momentos 'à toa' - por isso prefere manter o anonimato.
O trabalhador começou a assumir novas responsabilidades profissionais em 2019, quando um amigo precisava de alguém que fosse freelancer. Como sobrava tempo no expediente remoto de Charles, além de ele querer guardar dinheiro para comprar um veículo da Tesla, ele assumiu a dupla jornada.
Charles teve sorte porque, com a pandemia em 2020, cada vez mais empresas passaram a funcionar em regime remoto. Com isso, após cada trabalho freelancer terminar, o profissional aceitava outras oportunidades sem que seu empregador fixo soubesse. “Às vezes, eu ficava sem o que fazer no meu emprego principal por semanas. Então tinha duas opções: ser produtivo encontrando outros trabalhos remotos ou desperdiçar tempo e jogar dinheiro fora ", disse ele ao Business Insider.
De 2021 a 2023, Charles faturou mais de US$ 600 mil (cerca de R$ 3,1 milhões) em renda extra, de acordo com documentos vistos pelo jornal. Mas esse valor foi diminuindo consideravelmente de ano a ano – US$ 300 mil em 2021, US$ 200 mil em 2022 e US$ 100 mil em 2023.
O profissional diz que consegue terminar o trabalho para os dois empregos remotos durante o expediente, sem ter que gastar mais tempo do seu dia com trabalho. Além disso, para não gerar confusão entre os seus dois empregos, ele tem computadores e celulares diferentes para cada um. “Se estou em uma reunião na qual não preciso falar, eu provavelmente vou me dedicar ao outro trabalho em um computador diferente”, ele contou ao jornal.
Queda nas vagas remotas
A renda extra permitiu que Charles pagasse dívidas, investisse em uma empresa que quer criar e, inclusive, comprasse um carro novo. Mas, no último ano, o profissional notou que os trabalhos que lhe interessam secaram, especialmente porque empresas da área de tecnologia diminuíram as contratações e estão voltando ao presencial.
A porcentagem de ofertas remotas de emprego nos Estados Unidos caiu de 20% em abril de 2022 para 10% em dezembro do ano passado, segundo dados do LinkedIn. Entretanto, profissionais como Charles ainda têm o modelo remoto como prioridade. Outro relatório do LinkedIn mostrou que aproximadamente metade das candidaturas na plataforma foram para vagas remotas.
Charles declara que não vai abrir mão deste modelo, já que a mobilidade até o trabalho lhe custaria centenas de dólares por mês. “Por que eu deixaria o ótimo emprego remoto que tenho e no qual eu não preciso morar em uma cidade grande? Eu acordaria às 6 horas da manhã para chegar em casa às 6 ou 7 da noite, com sorte. Não, obrigado”, ele disse ao Business Insider.
*Com supervisão de Soraia Alves
