O bitcoin (BTC) aprofundou as perdas nesta terça (11), véspera de decisão de política monetária e da divulgação da inflação ao consumidor em maio nos EUA, com os investidores do segmento de ativos digitais de olho no fluxo de recursos para os fundos negociados em bolsa (ETFs), que voltaram a ter resgates líquidos no início desta semana.
Maior das criptomoedas, o bitcoin perdeu o patamar de US$ 69 mil e passou a ser negociado na casa de US$ 67 mil nos negócios da Ásia. Já o ether, moeda digital da rede Ethereum, retomou o nível de US$ 3,5 mil, de quando foram aprovados os fundos negociados em bolsa da criptomoeda nos EUA, em meados de maio.
Segundo André Franco, chefe de pesquisa do Mercado Bitcoin, as criptomoedas seguem a piora nos demais ativos de risco antes da decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano).
“O movimento de recuo é acompanhado pela maioria do mercado. Nos dados on-chain, tivemos um acúmulo de 23 mil unidades de BTC na mão dos investidores de longo prazo (LTH). No Ethereum foram 188,5 mil ETH de saldo líquido positivo acumulados no staking. Nos ETFs tivemos um fluxo líquido negativo de US$ 65 milhões”, disse.
Para Fernando Pereira, analista da Bitget, o bitcoin pode recuar ainda mais se o Federal Reserve (Fed, banco central americano) sinalizar continuidade duradoura no aperto monetário, ampliando a aversão a ativos de risco, caso das criptomoedas.
Pereira afirma que o índice S&P 500, da bolsa de Nova York, vem formando uma movimento de cunha gráfica em meio à oscilação na chamada força relativa dos preços, o que costuma sinalizar rupturas nas cotações dos ativos.
“Algo que começa a preocupar no preço do bitcoin nesse momento é a formação dessa cunha que o S&P 500 está fazendo, com forte divergência no IFR. Caso essa cunha se rompa para baixo, o BTC pode desabar de preço, e o que vai definir se esse rompimento deve ou não acontecer é a nova taxa de juros do Fed”, disse.
Perto das 10h20 (horário de Brasília), o bitcoin tinha baixa de 3% em 24 horas, cotado a US$ 67.163, enquanto o ether recuava 3,5%a US$ 3.539, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo era de US$ 2,58 trilhões.
Julio Andreoni, especialista em criptomoedas do Bitybank, afirma que se a inflação americana vier muito mais alta ou mais baixa do que as projeções, pode provocar volatilidade. “Isso está muito ligado a como conseguiremos enxergar e prever quando o Fed irá cortar os juros este ano”, avalia.
Em relação ao Fed, Andreoni ressalta que é importante ficar atento ao que o presidente do Fed, Jerome Powell, irá comentar em sua entrevista de imprensa pós-decisão. “Sempre precisamos ficar de olho nos discursos para ver se os membros do Fomc realmente irão reduzir os juros em 2024, algo que está impactando mais o cenário de criptoativos neste ano”, conta.