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Por e , Agência O Globo


Interior de trens semelhantes ao que pode circular entre São Paulo e Campinas — Foto: Divulgação
Interior de trens semelhantes ao que pode circular entre São Paulo e Campinas — Foto: Divulgação

Com uma única proposta, o leilão para construção e operação do Trem Intercidades (TIC), que ligará Campinas a São Paulo, foi vencido pelo consórcio C2 Mobilidade Sobre Trilhos.

Ele é formado pela gigante chinesa CRRC Sifang (com fatia de 40%) e pela Comporte Participações (60%), empresa da família Constantino de Oliveira, que fundou a Gol. A CRRC é a maior fabricante de trens do mundo, além de fazer operação ferroviária. Ela tem no México uma operação semelhante ao projeto São Paulo/Campinas.

O vencedor ofereceu desconto de 0,01% sobre o valor máximo que o governo paulista vai pagar ao longo de 30 anos pelo projeto — cerca de R$ 8 bilhões. O governo do estado tinha a expectativa de que houvesse mais concorrência no leilão, com no mínimo duas propostas, uma delas com a participação da CCR, mas isso não se confirmou.

Entenda o trem SP-Campinas — Foto: Arte/O Globo
Entenda o trem SP-Campinas — Foto: Arte/O Globo

A linha ferroviária, que faz parte do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC) do governo federal, vai ligar as duas cidades em pouco mais de uma hora, quando estiver em plena operação em 2031. O investimento previsto no projeto como um todo é de R$ 14,2 bilhões, e o prazo de concessão, de 30 anos.

Ele será feito por meio de Parceria Público-Privada (PPP), em que o governo entra com uma parte dos recursos e a vencedora custeia o restante. O governo vai investir R$ 8,98 bilhões na obra, e a maior parte (R$ 6,8 bilhões) desses recursos será obtida através de um empréstimo junto ao BNDES.

Quando o trem vai começar a operar?

Modelo de trem semelhante ao que poderá circular entre São Paulo e Campina — Foto: Divulgação/Stadler
Modelo de trem semelhante ao que poderá circular entre São Paulo e Campina — Foto: Divulgação/Stadler

A previsão é que a obra termine em 2031, quando o trem começará a operar.

Além do TIC Campinas, que terá tarifa máxima de R$ 64 e será um “trem de viagem”, com assentos marcados, mesas e bagageiro, o projeto inclui a criação do trem intermetropolitano (TIM) entre Jundiaí e Campinas, com quatro paradas, e a concessão da Linha 7 (Rubi) da CPTM, que liga a cidade de Jundiaí à Estação da Luz, na capital paulista.

Eles serão operados pelo mesmo consórcio vencedor do TIC, o C2 Mobilidade Sobre Trilhos.

Qual será o preço da passagem?

O preço máximo da passagem será de R$ 64, mas a operadora poderá oferecer descontos àqueles que comprarem com antecipação, por exemplo.

Em quanto tempo será feito o trajeto?

Este será o primeiro trem de média velocidade do país, rodando a até 140 quilômetros por hora. Será uma viagem quase direta de São Paulo até Campinas: haverá apenas uma parada, em Jundiaí.

Passageiros que embarcarem em São Paulo chegarão a Campinas em menos de uma hora, e vice-versa. O governo estadual espera que o serviço seja atraente para quem viaja de ônibus e fretados entre as cidades — especialmente a população que vive em Campinas e trabalha na capital.

Quantas pessoas poderão ser transportadas?

Possível mapa do trem — Foto: Divulgação/Stadler
Possível mapa do trem — Foto: Divulgação/Stadler

O trem até Campinas terá composições com capacidade para cerca de 800 passageiros que farão o percurso de 96 quilômetros, a uma velocidade de até 150 quilômetros por hora.

A expectativa é que sejam transportados 60 mil passageiros por dia, em média. Durante a modelagem da concessão, ainda em 2019, as empresas interessadas em assumir o trecho sugeriram o uso de trens “double deck”, ou seja, com dois andares. A argumentação das empresas é de que esse modelo pode aumentar o número de passageiros por vagão sem obrigar a expansão de plataformas.

No entanto, segundo fontes envolvidas no processo, o trem deve ter apenas um andar, com mesas e lugares marcados. No horário de pico, o intervalo entre os trens deverá ser de até 15 minutos.

O modelo de trem intercidades já é usado em várias metrópoles. O trajeto entre Londres e Birmingham tem cerca de 163 quilômetros, percorridos em um trem que atinge velocidade média de 80km/h. Já a famosa rota Lisboa-Porto é feita com um trem intercidades no modelo SP-Campinas. Por lá, o trem faz o trajeto a uma velocidade média de 72km/h.

Qual será o impacto nas cidades cortadas pela nova linha?

Para analistas, o projeto tende a criar uma megarregião metropolitana e, se bem-sucedido, pode inspirar outras cidades do país. O advogado Ricardo Barretto, sócio do Fenelon Barretto Rost, especializado em infraestrutura e regulação, avalia que a concessão representa a retomada de investimentos em transporte de passageiros sobre trilhos.

A linha vai contemplar uma região populosa (12 milhões de habitantes em São Paulo e 1,1 milhão em Campinas), reduzindo o tempo diário de deslocamento e ampliando oportunidades de negócios. A viagem levará pouco mais de uma hora.

"A implantação do transporte sobre trilhos em uma região tão populosa elevará a qualidade de vida das pessoas", disse Barretto. "O modelo de trem intercidades, com rota expressa, será o primeiro no Brasil. Não há nada parecido no país. Já nos países desenvolvidos, é bem comum.

Há planos para outros trens similares em SP?

O governo paulista planeja viabilizar mais dois projetos de transporte ferroviário: um trem que vai da capital paulista a Sorocaba e outro que conecta a capital ao município de São José dos Campos. Os estudos já começaram.

O investimento no trem até Sorocaba, que terá 94 quilômetros de extensão, será de R$ 8,5 bilhões. O trajeto, hoje feito em 1h50m, vai durar cerca de 60 minutos e promete atendera uma demanda de 50 mil pessoas por dia.

Há a ideia de fazer uma linha ligando São Paulo a Santos, mas existem dificuldades para o trajeto na Serra do Mar.

O trem será mais vantajoso que o ônibus?

O projeto ligando Campinas a São Paulo estava em discussão há 20 anos. O governo espera que o serviço seja atraente para quem viaja de ônibus regulares e fretados entre as cidades — um contingente que passou de 1 milhão no ano passado e contempla especialmente a população que vive em Campinas e trabalha na capital.

Felipe Lisboa, especialista em projetos de infraestrutura e sócio do escritório Toledo Marchetti Advogados, afirma que a viagem vai representar uma grande economia de tempo para quem faz o trajeto por meio de transporte público:

"Espera-se que o leilão reanime o setor de mobilidade urbana no país, para a retomada de outros projetos ferroviários, metroviários, VLT."

Para David Goldberg, diretor da A&M Infra, do ponto de vista do passageiro, quanto mais veloz for o trem, para um mesmo nível de tarifa, maior a atratividade e, portanto, a atração da demanda:

"Se o projeto atingir os parâmetros operacionais, vai ser realmente um grande feito."

Quando começam as obras e o trabalho da concessionária?

O contrato com o vencedor deve ser assinado em até quatro meses. Em seguida, começa a transferência da tecnologia da CPTM para a operação da Linha 7 (Rubi). Haverá um período de treinamento de um ano, e depois o vencedor vai operar o ramal por mais um ano sob supervisão da estatal.

A Linha Rubi tem 19 estações, ligando Jundiaí até a Luz, mas, após a concessão, perderá duas paradas e terminará na Barra Funda. Depois, a próxima fase é o Trem Intermetropolitano de Jundiaí até Campinas, cuja obra deve ser entregue em 2028. Esse trecho terá paradas em Louveira, Vinhedo e Valinhos, a tarifa deve ser de no máximo R$ 28,10.

A previsão é que, em 2031, os três modelos estejam em operação. Nesse cenário, somando a quantidade diária de passageiros, a previsão é de transporte de mais de meio milhão de pessoas.

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