Conexão Inovadora

Por Paulo Costa


 — Foto: Getty Images
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Mais um ano termina e percebo aquele sentimento quase que generalizado de fazer uma retrospectiva sobre os feitos pessoais e profissionais e novas metas para o ano que se aproxima. Ao analisar o histórico da humanidade, há indícios de que o costume de preparar metas e resoluções em novos ciclos tem alguns séculos, como é possível identificar em algumas cartas do conhecido escritor Mark Twain, autor de “As Aventuras de Tom Sawyer”. "Ontem, todos fumaram seu último charuto, tomaram sua última bebida e fizeram seu último juramento", registrou Twain em 1° de janeiro de 1863.

Em “The Art of Self-Improvement”, Anna Katharina Schaffner aponta que o período de mudança de ano acaba sendo mais propenso porque, ao longo dos meses, nos permitimos muitas coisas, e que o calendário marcando a chegada de um novo ano é entendido como um momento de purificação. Ela ainda retorna à época do filósofo grego Sócrates, que declarava que uma vida sem esses momentos de autoanálise não valia a pena ser vivida. Ou seja, essa busca por metas que consideramos que nos farão evoluir de alguma maneira sempre esteve presente.

Aproveitando o cenário e adaptando para a realidade de empreendedores, que também são pensadores e protagonistas de novas histórias, é uma oportunidade de usar essa lógica para traçar metas e resoluções para a chegada da nova fase. Em meu último texto para esta coluna, comentei que se eu pudesse dar um conselho para eles, sugeriria que investissem tempo e recursos no aprimoramento e integração de IA em suas ferramentas. Quero dar uma sugestão complementar de colocar essa como uma meta para o próximo ano, além de outras que considero relevantes para a jornada de fundador.

Uma delas se refere à organização do tempo. Ter clareza no principal objetivo da startup e disponibilizar tempo para tarefas que tenham impacto direto nesse propósito é um passo importante. Dizer não para as coisas secundárias pode fazer muita diferença -- afinal, tempo utilizado com qualidade para raciocinar sobre o negócio é apoio às definições para um caminho de sucesso.

Além disso, use a tecnologia a seu favor para automatizar todos os processos possíveis e na tomada de decisões. Guie-se com suporte em dados para diminuir as rotas a serem recalculadas. Acredite, todos esses aspectos impactam na gestão de tempo de um empreendedor.

Outra meta bastante conectada à gestão de tempo é ter uma equipe capacitada, dado que, quanto mais as áreas caminharem com autonomia, mais tempo será possível disponibilizar para guiar a estratégia de crescimento e desenvolvimento da companhia. Invista tempo na evolução do time, seja com assistência de parceiros externos ou por meio de programas de compartilhamento de conhecimento entre o time. Vale ressaltar que o processo de aprendizagem é cíclico, sendo que, enquanto ensinamos, aprendemos ainda mais. Distribua de maneira estruturada e recorrente o seu conhecimento com a equipe.

Por último, mas não menos importante: faça conexões! Busque conversar com pessoas que são referência nos assuntos de seu interesse. Como alguém que caminha frequentemente em ambientes de inovação aberta, posso afirmar que ninguém faz nada sozinho, que a união faz a força. Esteja aberto a ouvir conselhos e experiências de pessoas que já passaram pelo seu processo e que podem contribuir de forma significativa com sua jornada. Busque espaços e comunidades, como o Cubo, que possam ser catalisadores dessas conexões, sejam elas para gerar negócios, para mentorias, para conhecimento, encontrar talentos, entre tantas outras possibilidades. Coloque uma meta, podendo ser diária, semanal, mensal -- o que conta é o empenho em procurar oportunidades.

Complementar às metas, proponha-se a realmente cumpri-las. De acordo com a Universidade de Scranton, na Pensilvânia (Estados Unidos), compilado pela consultoria Statistic Brain, apenas 8% das pessoas que fizeram resoluções de Ano Novo conseguiram cumprir seus objetivos. Organize-se para estar entre esses 8% e facilitar sua jornada de empreendedor. Feliz novo ciclo!

*Paulo Costa iniciou sua carreira como empreendedor digital com a participação na fundação e desenvolvimento de diversas startups. Em 2015, passou a fazer parte do mundo executivo na Accenture, onde ficou por cinco anos como diretor de inovação, boa parte deles dentro do próprio Cubo. O atual CEO do hub de fomento ao empreendedorismo tecnológico do Itaú também foi um dos responsáveis por apoiar o fundo Neo Future, da gestora de fundos de investimentos Neo, onde conduzia desafios relacionados a estratégias digitais e inovação, tendências e comportamento de consumo.

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