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Guindaste em porto — Foto: luoman/Getty Images
Guindaste em porto — Foto: luoman/Getty Images

Conflitos na Europa e no Oriente Médio, ataques a navios de carga no Mar Vermelho e seca histórica nos rios amazônicos. Em um cenário de volatilidade crescente, tanto no Brasil quanto no exterior, as exigências para uma adaptação rápida e eficiente a imprevistos têm pressionado o setor logístico. Nesse contexto, a tecnologia se mostra imprescindível para minimizar os impactos inevitáveis causados por condições excepcionais.

Imagine uma situação hipotética em que um evento externo causou atraso na entrega de um lote de insumos importados, e a carga atrasada acabou sendo entregue no centro de distribuição junto com um segundo lote desses mesmos insumos. Ter um WMS (Sistema de Gerenciamento de Armazém, na sigla em inglês) robusto e flexível permite, por exemplo, trocar a estocagem regular pelo cross docking, dando vazão praticamente imediata para evitar o represamento dessa cadeia.

Bola da vez em todos os setores da economia, a inteligência artificial tem potencial para causar uma disrupção sem precedentes na logística. Aliada a soluções desenvolvidas em blockchain, a IA poderá acessar e interpretar toda uma base histórica do ciclo logístico de determinada empresa, indicando alternativas para mitigar gargalos criados por eventos sazonais, como concentração de distribuição de carga em períodos específicos do mês.

Em uma economia cada vez mais digitalizada, multiplicam-se as ofertas de produtos que prometem revolucionar a cadeia de suprimentos. Um dos papéis do operador logístico é analisar, a partir do conhecimento sobre o mercado e das reais necessidades dos clientes, se é possível agregar a solução oferecida à operação em prol de duas premissas básicas: reduzir custos e aumentar a eficiência.

A efetividade de aplicações baseadas em inteligência artificial e outras tecnologias depende, também, da solidez da equipe responsável. Contar com profissionais de desenvolvimento que tenham não apenas domínio técnico, mas expertise em relação aos processos logísticos, é um fator determinante para que aquela solução represente um diferencial competitivo para a cadeia de suprimentos em que será aplicada.

A modernização de diversos processos logísticos nas últimas décadas não teria sido possível, claro, sem a tecnologia. O desafio dos gestores é nos mantermos atentos a todas as novidades sem deixar de lado uma análise contextual criteriosa, capaz de identificar inovações que melhorem a produtividade, gerem impactos positivos ao meio ambiente e diminuam os riscos de interrupção da cadeia de suprimentos.

*Omar Passos é diretor de operações da Penske Logistics Brasil

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