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Por Vanessa Louzada*


inovação  — Foto: Getty Images
inovação — Foto: Getty Images

O ecossistema de inovação está em constante movimento e, todos os dias, novos produtos e serviços são desenvolvidos pelas empresas de tecnologia em todo o mundo. Aqui no Brasil, o mercado vem crescendo a cada ano e, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) divulgados no ano passado, existem 1,7 mil startups no país.

Com a consolidação do mercado de inovação, um dos conceitos que tem ganhado força no mundo empresarial é o Open Innovation (ou inovação aberta, em português), que incentiva as corporações tradicionais a adotarem as soluções tecnológicas desenvolvidas pelas startups, para que possam lidar com as adversidades antigas a partir de uma abordagem disruptiva.

O termo não é novo e foi criado em 2003 por Henry Chesbrough em seu livro “Open Innovation: the new imperative for creating and profiting from technology”, mas a sua aplicação prática ainda caminha a passos lentos no Brasil. Segundo a definição do próprio autor, a inovação aberta utiliza os fluxos internos e externos de conhecimento para acelerar a inovação de um negócio. Ou seja, as corporações podem e devem usar ideias externas (assim como as internas) para impulsionar seus avanços tecnológicos.

A ideia, evidentemente, surge como um contraponto ao paradigma tradicional de gestão, no qual os departamentos de pesquisa e desenvolvimento eram os únicos responsáveis pela criação de novos produtos, e existia uma excessiva preocupação com o compartilhamento das ideias, devido ao receio da concorrência se apropriar delas.

No entanto, essa mentalidade está evoluindo progressivamente à medida que as empresas reconhecem os benefícios significativos da colaboração e do intercâmbio de conhecimentos. Felizmente, hoje em dia, observamos um maior compartilhamento de ideias, permitindo a troca aberta e contínua de conhecimento para aprimorar constantemente as soluções. Muitas corporações agora são mais receptivas às inovações provenientes de pesquisadores e startups em diversas áreas da economia.

Apesar desse avanço, ainda há empresas que se mantêm presas ao modelo tradicional de gestão, caracterizado por uma excessiva centralização e burocracia. Essas estruturas rígidas muitas vezes se tornam obstáculos para a transformação digital de setores e empresas como um todo. No entanto, à medida que o panorama empresarial continua evoluindo, é necessário que as organizações reconheçam a importância de adotar uma abordagem mais ágil, aberta e flexível para se adaptarem às demandas do mercado em constante mudança.

Ao solicitar demonstrações das soluções desenvolvidas pelas startups, em eventos como TechDay ou DemoDay, por exemplo, muitas vezes se olha para o que o mercado tem a oferecer e se esquece de olhar para dentro da empresa. Será que a equipe está disposta a mudar a mentalidade e adotar a inovação no dia a dia? Qual o grau de maturidade do time para aceitar as soluções que serão apresentadas? O departamento realmente está pronto para essa transformação? São perguntas que o gestor deve fazer antes de iniciar a busca por novas tecnologias.

E, neste processo, as aceleradoras são fundamentais para que possam, junto ao departamento de inovação, fazer um diagnóstico real da cultura organizacional e das principais demandas para o avanço tecnológico da corporação. São profissionais antenados com o ecossistema de inovação, que conseguem identificar as necessidades operacionais dos departamentos e indicar ao gestor quais os principais meios para fomentar a transformação digital da empresa.

Lembrando que são muitos os caminhos para adotar a inovação aberta, desde uma simples troca de ideias como um webinar, por exemplo, até hackathons e eventos próprios como DemoDay ou TechDay, já citados anteriormente. São momentos que nos conectam com o mercado de inovação e com as soluções que as startups desenvolvem e que podem fazer muita diferença no dia a dia da corporação.

A transformação digital é um processo contínuo e requer uma mentalidade aberta para experimentação, colaboração e aprendizado constante. É preciso simplificar os processos do dia a dia para que a criatividade e as ideias disruptivas possam fluir, alavancando o processo de inovação. A inovação aberta é uma tendência em todo o mundo e as empresas que quiserem se manter competitivas no mercado devem se abrir a esta possibilidade.

Portanto, é fundamental que as empresas estejam dispostas a abraçar a mudança, buscar parcerias estratégicas e adotar uma cultura organizacional que promova a inovação e o compartilhamento de ideias em todos os níveis. Somente assim elas poderão se adaptar com sucesso aos desafios, explorar novas oportunidades de negócios e se posicionar de forma mais competitiva no mercado global.

*Vanessa Louzada é advogada, CEO e cofundadora da Deep Legal, Lawtech especializada em inteligência artificial e gestão preditiva.

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