• Cristiane Mano
Atualizado em
Trabalho, home office, carreira, escritório, gestor, gestão (Foto:  pixelfit via Getty Images)

Para atingir os objetivos, esses executivos têm ampliado práticas de inclusão como a criação de grupos de afinidade (Foto: pixelfit via Getty Images)

Uma atribuição ganha espaço na agenda de executivos de empresas brasileiras: a de promover a diversidade e a inclusão entre os funcionários. Por enquanto, o movimento ainda é bem mais tímido do que se vê nos Estados Unidos, onde atualmente, segundo a consultoria de headhunting Russell Reynolds, quase metade das 500 maiores companhias nos Estados Unidos possui um executivo exclusivamente dedicado a essa tarefa na diretoria – o chamado CDO, ou chief diversity officer. No Brasil, a posição no primeiro nível de comando ainda é rara. Mas entre empresas que começam a se destacar na criação de um ambiente de trabalho mais inclusivo para as mulheres no país, ter pelo menos um líder para concentrar a responsabilidade de promover a diversidade na empresa é quase regra. Atualmente, entre as 70 empresas identificadas como os melhores ambientes de trabalho para mulheres na avaliação da consultoria Great Place to Work no Brasil, 88% já possuem alguém designado a essa função.

Para atingir os objetivos, esses executivos têm ampliado práticas de inclusão como a criação de grupos de afinidade, implementação de licença parental, soft lending após a licença maternidade, além de acompanhamento de indicadores e metas relacionados à diversidade na liderança. Realizado desde 2017, o levantamento focado na inclusão de mulheres na liderança reuniu neste ano 641 empresas que juntas empregam 741.665 funcionários no Brasil. A lista das 70 premiadas desta 5ª edição do prêmio Melhores Empresas GPTW Mulher será divulgado nesta quinta-feira (24). A metodologia prevê que as escolhidas devem ter no mínimo 100 funcionários e pelo menos 15% de mulheres no quadro geral de funcionários e 15% nos cargos de gestão, além de preencher um questionário específico sobre diversidade e inclusão. Entre as 70 premiadas neste ano, a presença de mulheres chega a 54% do total de empregados.

Razões para tornar a inclusão um tema a ser acompanhado de perto não faltam. Uma delas é a insistente escassez de mulheres em cargos de liderança. Neste ano, apenas 9 das 70 premiadas são comandadas por uma presidente mulher. É uma queda em relação a 2020, quando a proporção era de 12 mulheres para a mesma quantidade de premiadas. Entre os obst��culos que impedem o avanço das mulheres está a sobrecarga de trabalho com cuidados da casa e da família, que se acentuaram durante a pandemia. Ainda assim a presença feminina no quadro total dos funcionários das melhores aumentou dois pontos percentuais entre 2020 e 2021. A participação de mulheres em cargos de alta liderança se manteve em 26% neste ano, mesmo percentual registrado na primeira edição do prêmio, em 2017.

Outros problemas históricos permanecem mesmo entre as melhores. A diferença da remuneração entre mulheres e homens é uma delas, apesar de uma ligeira melhora em relação ao resultado da primeira edição do levantamento. De acordo com o GPTW, as mulheres recebem hoje 15,79% menos que homens na alta liderança. Em 2017, a diferença era de 20,22%. Em níveis intermediários de liderança as mulheres recebem 18,79% menos – e não houve mudanças significativas nesse percentual ao longo do tempo. Em outros cargos, sem responsabilidade por uma equipe, a desvantagem continua no patamar de 1%.

A ampliação no perfil das participantes ao longo dos anos mostra que a discussão passou a mobilizar mais companhias de origem brasileira e também de porte médio. No primeiro levantamento, participaram 144 empresas, das quais 43% eram companhias nacionais – e as demais, subsidiárias de multinacionais, que iniciaram o movimento mais cedo sobretudo por influência de matrizes americanas e europeias. Neste ano, a proporção ampliou para 47%. Mais empresas de menor porte também passaram a tratar do tema. Em 2017, as participantes com menos de 1.000 funcionários representavam 43% do total. Neste ano, passaram a representar 50%.

Um dos temas que evoluiu positivamente entre as premiadas foi a percepção com relação à disposição dos gestores em evitar o favoritismo, que subiu de 69% em 2017 para 75% em 2021.

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