Restaurante

Por Jonathan Pereira (@jonathanpereira_82)


O ambiente do Fogo, novo restaurante do chef Raphael Rego em Paris — Foto: Claire Israel e Joann Pai
O ambiente do Fogo, novo restaurante do chef Raphael Rego em Paris — Foto: Claire Israel e Joann Pai

O chef carioca Raphael Rego, dono do Oka, em Paris - primeiro restaurante brasileiro no exterior a ganhar uma estrela Michelin - abriu as portas das novas instalações do Oka, que divide espaço com o Fogo, seu novo restaurante com churrasqueira e bar. Em entrevista exclusiva à Casa Vogue - e sem esconder a satisfação de realizar o sonho de ampliar os negócios -, ele conta detalhes do projeto feito pelo arquiteto iraniano Arnaud Behzadi com materiais naturais, como madeira e mármore, com interiores decorados pela artista francesa Florence Bamberger, combinando influências francesas e brasileiras.

O projeto

Entrada do Oka contrasta pedra do edifício original com a fachada em madeira jatobá — Foto: Claire Israel
Entrada do Oka contrasta pedra do edifício original com a fachada em madeira jatobá — Foto: Claire Israel

Na entrada, em um espaço de 350 m² no térreo de um edifício no 17o Arrondissement, próximo ao Arco do Triunfo e ao Parque Monceau, é possível se surpreender com o contraste entre a pedra original do prédio, em mármore estriado, e a fachada em madeira jatobá do estabelecimento, que foi dividido em dois salões: o primeiro, Oka ("casa" em tupi), com 16 lugares e Fogo, com 40 lugares, churrasqueira e bar.

Oka tem obra da francesa  Florence Bamberger no teto retratando a fauna, flora e artefatos da cultura brasileira, inspirada em José Francisco Borges — Foto: Claire Israel
Oka tem obra da francesa Florence Bamberger no teto retratando a fauna, flora e artefatos da cultura brasileira, inspirada em José Francisco Borges — Foto: Claire Israel

Behzadi e a artista francesa Florence Bamberger combinaram influências francesas e brasileiras para criar interiores para os dois restaurantes adjacentes. Em ambos, há afrescos criados por ela, inspirada no brasileiro José Francisco Borges: um no teto do Oka (retratando a fauna, flora e artefatos da cultura brasileira, como ânforas, onça-pintada, sucuri, capivara e tucano) e outro nas paredes do Fogo, reinterpretando Déjeuner sur l'herbe, de Édouard Manet. O arquiteto apostou na combinação de madeira, mármore e tons terrosos, e importou uma série de cadeiras exclusivas de Sergio Rodrigues para completar a decoração.

Fogo conta com espaços mais intimistas para almoço ou jantar, como alcova que pode acomodar até 6 pessoas — Foto: Claire Israel
Fogo conta com espaços mais intimistas para almoço ou jantar, como alcova que pode acomodar até 6 pessoas — Foto: Claire Israel

"O resultado eu achei incrível, porque o material que utilizado foi bem aquilo que eu queria. As peças vieram mais para trazer uma ênfase também de brasilidade no restaurante, e eu fiquei muito feliz, encantadíssimo", comemora o Rego, sem revelar os valores gastos. "Investimos o que era necessário para o tamanho da nossa ambição".

Bar do restaurante Fogo, novo espaço do chef Raphael Rego em Paris — Foto: Claire Israel
Bar do restaurante Fogo, novo espaço do chef Raphael Rego em Paris — Foto: Claire Israel

O chef, que mora há 17 anos na França, conta que foram necessários 14 meses de obras para a construção dos dois salões, um deles dedicado ao vinho. "Temos mais de 900 garrafas na carta e 15 mil garrafas no restaurante. A cozinha central é aberta para os dois salões, há também a padaria, câmara de maturação e fermentação, estocagem dos vegetais da horta... O espaço é incrível", vibra.

Cardápio

Cardápio tem receitas brasileiras com toques franceses — Foto: Joann Pai
Cardápio tem receitas brasileiras com toques franceses — Foto: Joann Pai

Quem vai ao Oka de terça a sexta encontra no jantar menus fechados de 5 e 9 tempos (batizados de "Paraná", e "Amazônia", respectivamente) com comida autoral baseada em técnicas francesas, mas com referências e ingredientes brasileiros. Os valores variam de 195 euros a 245 euros (R$ 1050 a R$ 1320 na cotação atual) e incluem pratos como lagostim defumado com madeira de amburana, ervas aromáticas e limão caviar, picanha wagyu na brasa com feijões pretos fermentados e pimentas biquinho, e robalo de pesca artesanal maturado por 12 dias, servido com aipo, castanha do Brasil, amêijoas, navajas e creme sabayon de salicórnia com caviar.

Robalo de pesca artesanal maturado por 12 dias, servido com aipo, castanha do Brasil, amêijoas, navajas e creme sabayon de salicórnia com caviar — Foto: Joann Pai
Robalo de pesca artesanal maturado por 12 dias, servido com aipo, castanha do Brasil, amêijoas, navajas e creme sabayon de salicórnia com caviar — Foto: Joann Pai

Já no Fogo são preparados no almoço ou jantar de segunda a sábado clássicos franceses e brasileiros na brasa. Pode-se saborear peixe grelhado com manteiga de maracujá e pimenta de cheiro, ou uma picanha de wagyu maturada 60 dias com farofa de mandioca e legumes na brasa com rapadura. De sobremesa, Romeu e Julieta feito com sorvete de soro de leite, ou um Saint-Honoré com castanha do Pará.

Legumes da horta orgânica sendo preparados na churrasqueira do restaurante Fogo — Foto: Joann Pai
Legumes da horta orgânica sendo preparados na churrasqueira do restaurante Fogo — Foto: Joann Pai

As verduras e legumes vêm de uma horta orgânica, nos arredores de Paris. O estabelecimento também oferece espaços para encontros mais íntimos, como uma alcova que pode acomodar até 6 pessoas e uma sala de degustação com teto abobadado que lembra uma adega - no local é possível experimentar vinhos e referências de champanhe.

Trajetória

O chef Raphael Rego — Foto: Joann Pai
O chef Raphael Rego — Foto: Joann Pai

Nascido no Rio de Janeiro, Raphael se interessou pela gastronomia aos 19 anos, quando trabalhava na Austrália. Mesmo sem falar francês na época, decidiu ir para Paris, onde trabalhou no L’Atelier de Joël Robuchon, na época com duas estrelas Michelin. "Entrei pela porta da frente e tive acesso a grandes chefs do mundo todo que foram para lá em busca de qualidade de vida, mas ainda me faltava a experiência no berço da gastronomia".

Estrela Michelin veio em 2019 — Foto: Joann Pai
Estrela Michelin veio em 2019 — Foto: Joann Pai

Depois de passar por outros dois restaurantes, abriu o Oka em 2014, em uma casa de 45 m² onde, trabalhando sozinho, preparava receitas brasileiras com toques franceses. "Os sabores do Brasil são minhas referências, mas tento fazer algo diferente. É uma satisfação poder estar aqui na França, num dos meios da gastronomia mundial, onde tudo começou, e ter um espaço. Eu hoje digo 'obrigado' àquele Rafael cheio de sonhos, cheio de energia, que lançou isso tudo", conta.

O segundo endereço do Oka veio em 2018 e, em janeiro do seguinte, a primeira estrela Michelin. "Quando eu olho para trás e vejo a evolução, fico perplexo com o caminho que eu e minha esposa conseguimos fazer em 10 anos na França. Até hoje esse projeto me dá satisfação de ver que o brasileiro é incrível, o nosso povo é batalhador, trabalha bastante, sempre acredita e dá o seu melhor", comemora o chef.

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