Cidades

Por Laura Raffs


Dia da Consciência Negra: 10 quilombos urbanos espalhados pelo Brasil para conhecer — Foto: Divulgação
Dia da Consciência Negra: 10 quilombos urbanos espalhados pelo Brasil para conhecer — Foto: Divulgação

Para falar sobre quilombos urbanos, é necessário entender que eles transcendem o espaço físico. De acordo com a historiadora e poeta Beatriz Nascimento, o corpo negro é um guardião da memória, sendo detentor de toda a cultura, história e identidade de um povo. Pensando nessa constatação, a pesquisadora cria um novo conceito de quilombo, centrado no indivíduo como espaço e peça-chave da questão.

“Quando duas pessoas pretas ou mais estiverem reunidas em nome de Zumbi, de Dandara, de Acotirene, de Aqualtune, de Tocolo, de Ganga Zumba e de todas as outras identidades e seres fundamentados na filosofia da negritude, um quilombo está de pé”, explica Erica Malunguinho, deputada estadual (PSOL-SP) e fundadora do quilombo Aparelha Luzia,

Dessa forma, podemos afirmar que os quilombos são organizações que atuam na preservação e visibilidade da existência negra em todos os seus sentidos – seja na cultura, arte, política, filosofia ou qualquer outra área. Ou seja, é um espaço (físico ou não) que atua na elaboração, criação e proteção de formas de viver, pensar e agir que resistem a uma sociedade estruturalmente racista.

Erica Malunguinho é educadora e a primeira deputada trans do Brasil — Foto: Caia Ramalho (@caiaramalho) e Roldaren Rocha (@ressumbrar)
Erica Malunguinho é educadora e a primeira deputada trans do Brasil — Foto: Caia Ramalho (@caiaramalho) e Roldaren Rocha (@ressumbrar)

“São espaços que criamos para poder existir. É como uma tecnologia social, uma forma de organização negra”, completa Erica Malunguinho. Sendo assim, os quilombos urbanos são, antes de tudo, espaços de fortalecimento e acolhimento. E tem mais: além de contribuírem para a preservação da memória negra, estes espaços atuam na formação de alianças e articulações para um projeto de emancipação coletivo.

Para reforçar a importância desta pauta, no Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, a Casa Vogue listou 10 quilombos urbanos espalhados pelo Brasil para você conhecer. Confira:

Aparelha Luzia

Inaugurado em 2016, o quilombo Aparelha Luzia é formado por três pilares: arte, cultura e política, sendo um espaço de afeto e acolhimento. Localizado na cidade de São Paulo, ele surgiu como um ateliê, com o propósito de convocar artistas, ativistas e pessoas em geral para compor um espaço de preservação da cultura e história negra. Lá, acontecem espetáculos de teatro, de dança, shows de música, festas, discotecagem, debates e saraus.

Casa do Nando

A Casa do Nando, atualmente, fica em um casarão no Largo da Prainha, na cidade do Rio de Janeiro. Porém, este quilombo deu início às suas atividades na casa de Fernando Alves – daí o nome. O espaço surgiu como um refúgio, onde as pessoas poderiam debater questões raciais e promover apresentações musicais. O que começou com atividades pontuais, hoje, é um local de expressão artística e resistência negra.

Casa Akotirene

Localizada em Ceilândia, no Distrito Federal, a Casa Akotirene é um quilombo urbano que surgiu através da organização de mulheres negras. O espaço promove diversas atividades artísticas e culturais de forma independente, como atendimento psicossocial, cursos de formação e reforço escolar para as crianças da comunidade, se tornando um local de resistência negra, feminina e LGBTQIA+.

Casa Preta

A Casa Preta surgiu como um espaço cultural em Salvador, na Bahia, adotando o termo “quilombo urbano” apenas em 2017. O local desenvolve uma série de atividades artísticas e culturais, como clube do livro e fóruns políticos, além de espetáculos de dança, teatro e música, que acontecem em um casarão centenário no centro histórico da cidade.

Liberdade

O Território Liberdade Quilombola é considerado o primeiro quilombo urbano do Maranhão, englobando os bairros da Liberdade, Camboa, Fé em Deus e Diamante da cidade de São Luís (MA). Há mais de 20 anos, o local é lar de diversas expressões artísticas, religiosas e de ativismo político, sendo considerado um importante espaço de resistência e preservação da identidade negra.

Quilombo da Família Silva

O primeiro quilombo urbano reconhecido do Brasil fica em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul: o Quilombo da Família Silva, que conquistou esse título em 2009. O espaço consiste em um terreno de 6,5 mil m², rodeado por condomínios da classe A e B, que foi criado quando o casal formado por Naura da Silva e Alípio dos Santos chegaram ao local na década de 40.

Quilombo do Barranco de São Benedito

O Quilombo do Barranco de São Benedito fica em Manaus (AM). O espaço nasceu quando Maria Severa, uma mulher escravizada, migrou do Maranhão para o Amazonas no final do século 19. Seguindo a tradição, o espaço é protagonizado pelas mulheres, que atuam para manter vivas as tradições e história do povo negro.

Quilombo Sacopã

Ocupado há quase 110 anos pela família Pinto, o território que abriga o Quilombo Sacopã fica em uma área nobre da cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. O espaço foi reconhecido como quilombo urbano em 2014, mas foi criado por pessoas escravizadas que fugiram de Macaé no final do século 19. Atualmente, o quilombo realiza atividades culturais variadas, como as tradicionais rodas de samba e feijoadas.

Portão do Gelo

Considerado o primeiro quilombo urbano reconhecido no Norte e Nordeste do país, o Portão do Gelo é um importante ator na preservação de uma tradição religiosa de origem africana chamada Nação Xambá, nome pelo qual o espaço também é conhecido. Além disso, este quilombo desempenha um trabalho essencial na área cultural, contribuindo para a valorização das manifestações do coco de roda, um ritmo percussivo popular na região.

Casa Amarela

Reconhecido em 2015 como o primeiro quilombo urbano da região central de São Paulo, a Casa Amarela Quilombo Afroguarany trabalha com arte marginalizada e de resistência negra e indígenas. O espaço, localizado na Rua da Consolação, estava abandonado desde 2011, até que foi ocupado pelo coletivo TM13 em 2014. Desde então, a Casa Amarela oferece diversas atividades, como apresentações de teatro, cursos, workshops, oficinas, entre outros.

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