Nascido no interior de São Paulo, Renan Quevedo veio para a capital para cursar publicidade. Em 2012, visitou a exposição "Teimosia da Imaginação", no Instituto Tomie Ohtake, e saiu de lá com uma pulga atrás da orelha. “Fiquei intrigado com o contraste entre o ambiente branco, erudito, expondo peças com restos de coisas, madeira, barro, sucata”, conta. Dessa inquietação, surgiu o interesse em pesquisar os artistas populares brasileiros que compunham a mostra – e muitos outros.

 Novos Para Nós: conheça o projeto que mapeia a arte popular brasileira (Foto: Divulgação)

Renan Quevedo e o cachorrinho Figo entre peças de sua extensa coleção de arte popular

Algum tempo depois, já familiarizado com o tema, Renan decidiu fazer uma viagem para conhecer de perto alguns dos autores. Numa sexta feira, às 20h, depois de ter trabalhado a semana toda num ritmo intenso de agência de publicidade, pegou um carro e dirigiu por 14h até o Vale do Jequitinhonha (mesma região percorrida pela primeira edição do Casa Vogue na Estrada), em Minas Gerais, e foi direto conhecer a ceramista Noemisa Batista dos Santos. “Os contrastes me impressionaram novamente. Aquela era uma região com um dos IDHs mais baixos do país e, ao mesmo tempo, tão rica culturalmente”, diz.

 Novos Para Nós: conheça o projeto que mapeia a arte popular brasileira (Foto: Divulgação)

Detalhe da casa de Renan Quevedo

Depois dessa experiência, vieram muitas outras. Aos finais de semana, feriados e férias, Renan mergulhava pelo nosso país para descobrir novos artistas. “Eu acabei percebendo que isso me encantava mais do que a publicidade”. Então, em outubro de 2017, ele decidiu desbravar mais profundamente o nosso território e se aventurou por sete meses. Nesse período, ele percorreu 27.183 km em 16 estados, além do Distrito Federal. “Eu recolhi mais de 300 histórias nesse caminho. E elas são um verdadeiro presente, há muito o que aprender. Cada artista tem uma particularidade que revela muito dos quatro cantos do nosso país”, compartilha. Para Renan, a arte popular é um complexo sistema de símbolos de identidade que o povo cria e preserva. Tem muito do inconsciente, do cotidiano, das tradições, do folclore. “As criações estão completa e diretamente ligadas à vida dessas pessoas. Não tem como separar vida e obra”.

 Novos Para Nós: conheça o projeto que mapeia a arte popular brasileira (Foto: Divulgação)

Algumas peças presentes na campanha da Westwing com curadoria de Renan Quevedo

Introduzir a nossa própria cultura na consciência do nosso povo é uma das missões do projeto que, mais do que divulgar esses artistas e suas criações, conta as histórias por trás de criador e criatura. Algumas dessas peças e narrativas podem ser encontradas a partir de hoje na Westwing, que convidou Renan para fazer a curadoria desta campanha focada na arte popular brasileira. Estão disponíveis por lá peças de artistas como Francisco Graciano, Marco de Sertânia, Bento de Sumé e da própria Noemisa Batista dos Santos, que ele encontrou lá no começo de toda essa jornada. Além disso, Renan desenvolveu uma série de oito pôsteres com frases populares que ele colecionou durante esses anos. “São frases que eu vi escritas em algum lugar, em paralamas de caminhão ou que alguém falou. Cada ditado veio de um canto diferente”, conta. Estar perto de peças como essas é uma chance de nos aproximarmos da nossa história. “O consumo consciente, a procura por peças que tenham significado e que se saiba da onde vem, tem nos aproximado do artesanato”, diz. É uma forma de abrir o diálogo para essa expressão cultural que faz parte da identidade do Brasil.

 Novos Para Nós: conheça o projeto que mapeia a arte popular brasileira (Foto: Divulgação)

Pôsteres de Renan Quevedo, na Westwing

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